Em Mato Grosso, a Saúde padece por conta da indecisão e da inabilidade em aplicar recursos já existentes em obras que estão paralisadas ou em ritmo muito lento. Inclusive em serviços que já existem ou contam com projetos perfeitamente executáveis, e isso é inadmissível.
Insisto em dizer que obras inacabadas só servem para prejudicar a população, pois representam prejuízos de ponta-a-ponta: desde sua paralisação total à retomada, por conta dos custos de desmobilização, manutenção (quando fazem) e nova mobilização.
Como já cobrei anteriormente, na nossa capital Cuiabá, o “novo” Hospital Universitário Júlio Muller, na rodovia que liga a capital a Santo Antônio do Leverger, vem ganhando contornos de “velho”, por conta da paralisação que se mantém, sem que nada seja feito para que haja a retomada dos serviços.
E enquanto isso, como também já informei, quase R$ 80 milhões repousam há mais de dois anos na conta do governo do Estado, repassados pelo Governo Federal por meio de emenda de toda a bancada de MT, em um trabalho suprapartidário.
Aqui cabe destacar também o trabalho da universidade por meio da ex-reitora Maria Lúcia Neder junto ao Ministério da Educação.
Com os problemas encontrados pelo CREA, temos a certeza de que mesmo empreendendo grandes esforços a partir de agora, ainda assim o novo Hospital Universitário Júlio Muller só ficaria pronto, no mínimo, em 5 anos.
E nós definitivamente não podemos deixar surgir outro mal exemplo de gestão e paralisação, como acontece com o "esqueleto" do Hospital Central, abandonado há anos. Por isso, defendi e defendo o planejamento eficaz de todos os recursos de 2017, envolvendo o Governo Federal, o governo do Estado e os municípios mato-grossenses para:
1. Concluir o Novo Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá, no bairro Ribeirão do Lipa.
2. Fazer reparos no atual pronto-socorro de Cuiabá (funcionando em condições precárias).
3. Da mesma forma, reparar o atual Hospital Júlio Müller (no bairro Alvorada) e concluir o Centro de Nefrologia em anexo (que possui obras paralisadas há mais de 2 anos), enquanto o projeto do novo Hospital Universitário Júlio Müller é revisado e o Governo Estadual publica sua licitação o mais rápido possível, ou devolve o convênio para o Governo Federal para não perdermos os recursos.
4. Reformar, ampliar e melhorar os muitos hospitais regionais que necessitam.
5. Definir com os consórcios municipais as prioridades das unidades hospitalares a cargo dos municípios, com a conclusão de todas obras inacabadas, antes de começar outras novas, como as UPAS e PSFS.
Para o novo hospital universitário Júlio Muller, prevê-se a oferta de 275 leitos para internações, mas não se prevê estrutura de Pronto Socorro. E é bom esclarecer que, até agora, a construção abandonada desse hospital só tem 8% do total previsto.
Já o novo Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá, nas imediações do Centro de Eventos do Pantanal, se encontra com cerca de 40% de sua área construída. E quando concluído, oferecerá 300 novos leitos destinados à urgência e emergência, e às internações. Acredito que em todos os sentidos essas informações nos dizem qual a nossa prioridade.
Empreendendo todos os esforços e recursos no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, em Ribeirão do Lipa, podemos terminá-lo em no máximo dois anos e entregar sua gestão à Universidade Federal de Mato Grosso, o que o transformará em Hospital e Pronto Socorro Universitário de Cuiabá. Desta forma, além de atender a população, carente de saúde, também fomentaremos o ensino e a formação de nossos novos profissionais.
Essa sugestão é, inclusive, endossada pelo reconhecido dr. Eduardo De Lamonica Freire, professor em atividade da UFMT há mais de 40 anos, ex-reitor da mesma universidade no período 1984/88, e coordenador da implantação do Curso de Medicina como primeiro Diretor de sua Faculdade. Ele, assim como eu, acredita que o mais difícil não é colocar projetos em prática – ou mesmo rearranjar um já existente – mas lidar com a inércia da indecisão.
Como relator da LDO, juntamente com meus colegas parlamentares da bancada federal, alocamos uma emenda impositiva (ou seja, que obriga o Governo Federal a liberar o recurso) no orçamento da União de 2017, no valor de R$ 167 milhões, para serem investidos nas unidades de saúde de Mato Grosso, preferencialmente para equipar o novo Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá, que eu ousaria dizer que é de Mato Grosso, pois recebe as ambulâncias com pacientes dos municípios do interior do Estado e até de países vizinhos.
Com o Hospital e Pronto Socorro tornando-se universitário, independente da titularidade da Administração, ou que ela seja compartilhada, corrigiremos uma importante lacuna existente na formação do atual médico graduado, qual seja, o fraco conteúdo prático em urgência e emergência em Cirurgia, em Clínica Médica e em Pediatria. Com esta nova estrutura, poderemos também ampliar, imediatamente, o número de Programas de Residência Médica para diversas especialidades.
Não podemos tratar a Saúde prioridade apenas em época eleitoral. A solução apresentada não se dirige apenas ao término de duas obras de construção de hospitais públicos.
Mais do que isto, a partir da audiência que realizamos em Brasília, e junto a essa proposta, sugiro também debater, planejar e executar uma Política Estratégica de Desenvolvimento da Saúde Pública de todo Mato Grosso, totalmente focada no interesse público e visando gerações futuras.
Priorizar investimentos é sempre priorizar o cidadão.
Wellington Fagundes é senador por Mato Grosso e líder do Partido da República no Senado.