Cuiabá 300+30

Fonte: Sérgio Cintra

“Criar o futuro é a melhor maneira de adivinhá-lo.”

(Peter Ducker)

Faz anos que a maioria dos habitantes cidades brasileiras rejeita quase que imediatamente seus prefeitos e seus vereadores, ou os ignora como autoridades constituídas, ou, até, se insurge contra o modelo da denominada democracia representativa, apregoando o voto nulo.

A grande maioria dos prefeitos e dos vereadores tem contribuído para que o modelo organizacional e o administrativo caminhem fatalmente para o colapso que já se anuncia em muitas cidades do país.

Por outro lado, parcela significativa da sociedade civil organizada procura soluções no intuito de criar a ambiência na qual floresçam iniciativas que garantam o desenvolvimento sustentável, isso implica garantir, em médio prazo, planejamentos e medidas no plano social, no plano urbano e rural, no plano ambiental, no plano econômico e no plano da gestão pública.

Outras cidades brasileiras, como Maringá e Goiânia, criaram conselhos para pensar suas cidades e suas populações e conseguiram criar, primeiramente, a ideia de pertencimento e, em seguida, de  empoderamento das instituições representativas tanto da classe patronal e laboral, quanto do terceiro setor e, assim, disponibilizando para os munícipes uma perspectiva inovadora que garante a participação de todos.

Cuiabá necessita de atitudes como as da cidade paranaense e goiana para que os cuiabanos possam participar da construção de uma nova maneira de pensar o seu espaço e as relações que se dão nesse território. Tais conselhos garantem, efetivamente, democracia mais participativa e, somado a isso, gestão pública compartilhada com esses conselhos, os quais garantirão o que lhes é mais caro: planejamento, visão de futuro e, inclusive, recursos.

Um dos aspectos mais importantes dentre todos é o que se refere à avaliação do Governo, classificada em quatro níveis: ruim (loteamento de secretarias entre partidos, alto investimento em publicidade e marketing, governabilidade baseada em concessões políticas, desequilíbrio fiscal, alto endividamento); regular (eficiência na gestão, reestruturação das secretarias, equilíbrio fiscal, planejamento estratégico, plano de carreiras, administração por metas, informatização); bom (foco em qualidade do serviço público, pesquisa de satisfação do cidadão, proximidade com a população e com a sociedade civil, fortalecimento dos conselhos municipais, gestão baseada em serviços); ótimo (serviços públicos inovadores e cocriados e centrados no cidadão, open innovation, democracia direta, Green House em inovação, transparência e governo aberto, gestão baseada em rede).

Cuiabá não pode ser pensada de quatro em quatro anos; ao contrário, necessita de um projeto estrutural de desenvolvimento sustentável. Um planejamento estratégico que esteja protegido da alternância de poder. Ou se diz não às ações conjunturais, ou continuaremos na mesmice que nos assola por décadas e décadas.

O novo prefeito, se quisesse, poderia entrar para a história e povoar a memória das gerações futuras como aquele que verdadeiramente transformou a Cidade Verde. Então, amici, ad qui venisti?

Sérgio Cintra é professor de Linguagens (Redação) e está servidor da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

sergiocintraprof@gmail.com