Estudo aponta que em Cuiabá, casos de coronavírus começaram em bairros nobres e espalharam pela periferia

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Um estudo realizado pelo departamento de Geografia e de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) mostra que o novo coronavírus (Covid-19) se iniciou em bairros nobres e, hoje, se alastra pela periferia. Nas três semanas anteriores à publicação, bairros como Jardim Imperial tiveram a maior parte dos novos casos.

O estudo foi realizado por Emerson Soares dos Santos, Ana Paula Muraro e Ligia Regina de Oliveira, e tinha por objetivo entender os efeitos da flexibilização das medidas de isolamento e distanciamento físico na capital mato-grossense.

Dentre os principais resultados obtidos, estão os que mostram que o isolamento diminuiu consideravelmente entre os dias 21 de março e 2 de maio em todo o estado, e que de 3 a 9 de maio houve aumento do número de notificações e de municípios com pessoas infectadas.

Além disso, “A média diária semanal de notificação de novos casos aumentou 95% na última semana em Mato Grosso. Isto é reflexo da diminuição do isolamento social verificada no estado”, afirma o estúdio.

Somente em Cuiabá, a média diária semanal atingiu seu maior número desde o dia 20 de março entre os dias 3 e 9 de maio. A maior concentração de casos ocorre na região central da cidade, além de Jardim Imperial, Jardim Itália e Jardim das Américas, surgindo novos casos por várias semanas seguidas.

O estudo indica que a doença começou, na capital, em bairros como Florais e Jardim Itália, e chegou ao sul da cidade a partir da 5a semana após o primeiro caso. “Ainda como podemos observar na figura 4, nas últimas três semanas a maior parte dos casos tem ocorrido na região central da cidade (Centro Sul e Bosque da Saúde) e no Bairro Jardim Imperial, o que nos leva a interpretação de que há difusão por contágio na região central da cidade (e arredores), e no Jd. Imperial e entorno. Estas áreas são caracterizadas por possuírem intensa dinâmica comercial local, com a existência de comércio bastante variado, sendo, portanto, importantes centralidades da cidade”, explica.

“Começam a surgir casos em bairros da Região Sul de Cuiabá, áreas com maior proporção de pobres, onde até 15% dos trabalhadores (N~7.500) passam até 2 horas dentro do transporte coletivo para chegar ao local de trabalho, o que resulta em grande tempo de exposição a um possível contágio”, completa o artigo.

Fonte: Olhar Direto