Mato Grosso deverá ser o responsável por 25% das exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos. Os norte-americanos definiram uma cota anual de importação de 64,8 mil toneladas in natura e congelada. Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino do país e o segundo que mais exporta carne.
Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (01.08) pelo governador Pedro Taques, que participou da cerimônia de troca das Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina, que marcam a abertura de mercado para carnes in natura entre os dois países. O evento contou ainda com a presença do presidente Michel Temer, dos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, e de Relações Exteriores, José Serra, e da embaixadora dos EUA, Liliana Ayalde.
“Este acordo é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 1999. São muitos anos de luta que contribuíram para este momento e para que nosso produto possa chegar com qualidade ao mercado internacional. Em Mato Grosso temos o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que busca a rastreabilidade e qualidade da nossa produção. Esta abertura para o mercado dos EUA vai gerar oportunidade para ampliarmos as exportações para outros países”, destacou o governador Pedro Taques.
O presidente interino Michel Temer destacou o momento como primordial para o país. “A abertura do mercado da carne bovina, em condições sanitárias admitidas pelos EUA, que tem uma repercussão internacional, ajuda a abrir mercados de outras faces, o que é importante para o Brasil. Essa ação vai resultar em novos empregos e os EUA poderão consumir cada vez mais carne bovina brasileira” reforçou Temer.
Ministro das Relações Exteriores, José Serra explicou que a parceria entre o Ministério da Agricultura, Itamaraty e produtores de carne no Brasil contribuiu também para as negociações do certificado sanitário internacional. “É uma vitória para o agronegócio. Brasil e EUA realizaram auditorias específicas nos controles de inspeção da produção, concluído por equivalência dos seus sistemas sanitários. Essa parceria vai abrir novos mercados. Exemplo disso é o México, que aplica restrições de compra da carne brasileira semelhante a dos EUA. Mas a partir do momento em que os EUA mudam seus critérios, temos um argumento a mais para modificar a posição mexicana”.
De acordo com o ministro Blairo Maggi, para que o país continue ampliando suas condições de crescimento econômico é preciso que o trabalho seja menos burocrático. Ainda na cerimônia, ele ressaltou a importância da parceria com os EUA e parabenizou o trabalho dos servidores federais envolvidos no projeto. “Se queremos mais produção e produtos de melhor qualidade, temos que cuidar e fiscalizar. Mas também temos que deixar a iniciativa privada trabalhar e fazer seu papel. Pensando nisso, estamos trabalhando para que cerca de 300 medidas burocráticas sejam revistas no Mapa. Isso vai direcionar o dinheiro público para a eficiência”.
Importação
De acordo com dados do Mapa, os americanos estabeleceram cotas de importação para os países aptos a vender para eles. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa, o Brasil faz parte da cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa de 4% ou 10% dependendo do corte da carne. Fora da cota (sem limite de quantidade), a tarifa é de 26,4 %.
Atualmente, os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de carne bovina in natura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 2,22 bilhões (ou 571,5 mil toneladas). No período, os maiores compradores foram Hong Kong (U$ 393 milhões), China (U$ 365 milhões), Egito (US$ 329 milhões), Rússia (US$ 181 milhões) e Irã (US$ 168 milhões).
Trabalho estadual
Em maio de 2016, o governador Pedro Taques esteve nos Estados Unidos e entre outras agendas visitou uma das maiores plantas frigoríficas do mundo, no estado de Ohio. Na ocasião, Taques iniciou as tratativas para exportar a carne bovina de Mato Grosso para os Estados Unidos. “A estratégia do Governo é agregar valor à nossa produção. Além de vendermos soja e milho, queremos vender carne para mercados consumidores importantes como os Estados Unidos”, disse o governador à época.
Instituto de Carne
Criado em fevereiro de 2016, o Instituto Mato-grossense de Carne (Imac) tem o objetivo de promover a carne bovina e atestar a qualidade do produto. Mato Grosso é o primeiro Estado brasileiro a ter um órgão com esta finalidade. De acordo com o governador Pedro Taques, a ideia do instituto surgiu durante uma visita ao Uruguai em outubro de 2015, um dos únicos cinco países a contar com um Instituto como este. “Temos a melhor carne do mundo e vamos conquistar mercados mundo afora, com qualidade certificada por meio de um sistema de rastreabilidade inovador”.
(Com informações do Mapa)