Ficará para 2017 a publicação do edital da licitação de empresas que irão explorar o transporte público na Capital, assim como a implantação do Plano Municipal de Mobilidade Urbana e do Estacionamento Rotativo (Faixa Verde) na região central.
Prestes a deixar o cargo de secretário de Mobilidade Urbana (Semob), Thiago França, revela que estas são as três demandas que não conseguiu concluir em dois anos à frente da pasta por serem complexas. “Apesar da gestão de trânsito e transporte ter avançado muito em Cuiabá, há muito para evoluir e esses três temas estão bastante adiantados e serão entregues para a equipe de transição na próxima semana”, revela.
Entre as ações realizados pela pasta, o gestor destaca a criação de bolsões exclusivos para motos implantados a cerca de um mês nas principais avenidas de Cuiabá. A prática, realizada com sucesso em estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul, determina um espaço entre a faixa de pedestre e a faixa dos carros, via sinalização pintada no asfalto que serve para separar bicicletas e motos dos demais veículos.
“São 40 bolsões na Avenida Tenente Coronel Duarte, a Prainha, e os resultados já são positivos, pois dá mais segurança viária. Até mesmos para os pedestres que estão passando pela faixa”, comenta o secretário.
Para os mototaxistas a iniciativa foi um ponto final em conflito com condutores de carros e até de ônibus. “Sempre que uma moto passa pelo carro para aguardar os sinal abrir havia reclamação. Agora não. Os motoristas respeitam e não avançam para os bolsões”, avalia o mototaxista Erealdo Matos, 50, há 17 com carteira da categoria A.
“Não existe mais disputas com veículos maiores na saída do semáforo, as motos já ficam mais na frente”, completa outro mototaxista, Cláudio Cardozo, 53, na profissão desde 1996. França comenta que muitos dos desafios da mobilidade urbana se dá pelo fato de Cuiabá ser uma cidade de 300 anos que nasceu e cresceu sem planejamento.
Com o passar dos anos não houve a criação de uma política para a área e a frota de veículos só aumentou. “Este ano a frota da cidade chegou a 410 mil veículos, sem contar com a frota flutuante, que vem de vários municípios da Baixada”, contabiliza. Para ele a gestão Mendes investiu em tecnologia, com as câmeras e a implantação da Central de monitoramento do trânsito. “Hoje são 32 câmeras do município que se somam a outras 100 do Estado para fazer a gestão do trânsito”, cita.
“Os ônibus e microônibus foram equipados com GPS e podemos da Central de trânsito fazer a gestão do trânsito e transporte, fiscalizar a rota dos coletivos, os horários e outras reclamações dos usuários”, destaca. “Junto com a Secretária de Segurança Pública do Estado implantamos a ‘cerca eletrônica’ na Capital, por meio da tecnologia OCR, câmera lê a placa do veículo, a central recebe informação se o veículo é fruto de roubo e os agentes podem fazer a abordagem”, diz França. “a Semob comprou talonários eletrônicos, hoje nenhum agente de trânsito anota mais infrações em blocos de papel”, compara.
Outra ação que o secretario destaca é o programa de sinalização viária. “Este foi o maior da história de Cuiabá. Foram mais de 250 km de sinalização horizontal, 10 mil placas (sinalização horizontal) e cerca de 1000 faixas de pedestres recuperadas e implantadas nas vias cuiabanas. “Dentro deste programa acabamos de implantar o Programa de Orientação de Tráfego, o POT, uma ação que era da Secopa, que não foi feito e nós assumimos. Cerca de 60% do POT está pronto, hoje o turista consegue transitar por Cuiabá e chegar até Chapada com orientação das placas”, resume.
Cuiabá passa a contar com 10 km de faixas exclusiva para os ônibus. A Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a do CPA, recebeu a pintura em 6 km da via (3 km de cada lado da pista), que se somam aos 2 km da Getúlio Vargas e outros 2 km da Isaac Póvoas.
Nesta semana a faixa da avenida do CPA funcionou de forma “orientativa”, mas a partir de segunda (26) motorista individual quem for flagrado pelos agentes de trânsito ou pelas câmeras de monitoramento, será multado. “A faixa funciona de segunda a sexta-feira das 6h às 20h. O trajeto é permitido apenas para ônibus, micro e táxi com passageiro”, explica França.
“Recentemente houve reajuste no valor da multa passando de R$ 191 para R$ 233 e ainda sete pontos na CNH”. Thiago França destaca que já há projeto e orçamento para implantação de mais 3 km de faixa exclusiva de coletivos na Fernando Corrêa. Segundo França, um levantamento da Semob mostra que nos trechos onde o sistema funciona, a velocidade média dos ônibus aumenta de 13 km por hora para 24.
“A faixa disciplina o trânsito, acaba com a disputa de espaço entre veículos do transporte público e individual e reduz o tempo de espera do usuário do transporte público”, avalia França.