Difícil é apontar o maior gargalo de Cuiabá, mas a falta de pavimentação está entre os principais problemas enfrentados pela prefeitura. Às vésperas dos 298 anos em 8 de abril e com 585 mil habitantes, a capital mato-grossense tem cerca de 700 quilômetros de ruas encascalhadas. Segundo o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), a capacidade de investimento do município é pequena, mas ainda assim ele lança neste mês o Pró-Transporte, programa para asfaltar bairros – começando pelos carentes – e que em quatro anos poderá pavimentar até 600 quilômetros. O montante e a origem dos recursos para tanto são outros gargalos que se somam aos demais.
Emanuel Pinheiro aguarda o fechamento de um levantamento que apura a extensão das ruas sem pavimentação. Ele avalia que seja em torno de 700 quilômetros, mas até então a prefeitura não tem esse número. A partir dessa apuração será lançado o Pró-Transporte, que visa universalizar o asfaltamento da cidade. Inicialmente o programa será bancado com recursos do município e em quatro anos deverá pavimentar até 600 quilômetros, com drenagem e meio-fio. A obra começará pelos bairros Jardim Florianópolis, Jardim União, Jardim Vitória, Altos da Serra, Dr. Fábio I e II, Ribeirão do Lipa e outros. Parte dessa área não tem regularização fundiária, mas o prefeito observa que “ela está em andamento”. Está definido que nas comunidades carentes não será cobrada contrapartida dos moradores contemplados. Emanuel Pinheiro não falou sobre cobrança ou não nas demais regiões.
Otimista, o prefeito diz: “Vamos avançar bastante no programa de pavimentação de Cuiabá; vamos trabalhar muito, quadruplicar nossa força para alcançarmos o máximo (de ruas pavimentadas)”. O otimismo é manifestado em meio a declarações de Emanuel Pinheiro sobre a baixa capacidade de investimento do município e ele credita sua convicção “ao clima de mudança de conceito político e administrativo na prefeitura” fundamentando que hoje a capital tem “um prefeito próximo da cidade, um prefeito próximo da vida das pessoas, um prefeito próximo da população, um prefeito com um canal de comunicação permanentemente aberto com a sociedade”.
A pavimentação em alguns bairros encontrará cenários de absoluto vácuo de Estado. Além da falta de regularização fundiária, há ruas com mais de uma denominação e nem sempre alguma é oficial, a numeração das moradias e estabelecimentos é confusa e isso inclusive dificulta e até impede a entrega de correspondências pelos Correios. Na esfera da infraestrutura há carência de redes de esgoto e pluvial.
Alguns bairros que surgiram de invasões ou grilos principalmente nos anos 1980 e na década de 1990 não ainda não foram reconhecidos oficialmente. Para a prefeitura executar pavimentação em suas ruas há embaraços legais que poderão retardar o início da obra.
O prefeito não citou, mas deu a entender que o Pró-Transporte será modular, executado etapa após etapa ao longo de sua administração. Isso pode ser entendido como sendo um projeto aberto à parceria com o governo de Mato Grosso e que também poderá contar com aporte de emendas parlamentares federais e estaduais.
A extensão 700 quilômetros de ruas sem pavimentação equivale à distância de Belo Horizonte a Brasília. A obra em até 600 quilômetros, em termos de distância corresponde ao trecho da BR-163 entre Cuiabá e Itaúba. Emanuel Pinheiro a avalia como complexa, pois sua execução interfere na rede de água, suspende temporariamente o tráfego e dificulta o acesso a escolas, creches e estabelecimentos comerciais.