Cuiabá já não é mais a mesma, e comemorar seus 298 anos, com uma cidade um pouco confusa, bastante recortada, renovada e em busca de progresso e melhor estruturação à sua população. Mas, em meio ao moderno e ao novo, muitas obras se misturam, assim como a sua população. São paredes antigas que relembram a capital de anos atrás, com as novas e imponentes obras que foram e continuam sendo executadas, que mostram o quanto a Capital do Agronegócio mudou, cresceu, mas não somente aos olhos dos cuiabanos, mas do mundo inteiro.
Mas enfim, o que mudou? Para o arquiteto cuiabano José Antônio Lemos dos Santos que acompanhou toda essa evolução de perto, tirando toda a “poeira política” a Copa do Mundo foi o maior presente que a cidade pode receber. “A preocupação era comemorar a efeméride com a cidade engalanada com melhores padrões urbanísticos e jubilosa com sua população usufruindo níveis superiores de qualidade de vida. Esse seria o maior presente”, destaca.
Mesmo com vários problemas e com muitos projetos inconclusos e sendo refeitos e com a novela das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ganhou mais um capitulo, ele acredita que quando a história surpreendeu a população com o fantástico desafio da Copa do Mundo.
“Cheguei a acreditar que esse grande evento tivesse sido um artifício do Bom Jesus para treinar nós cuiabanos na preparação de sua cidade dignamente para os 300 anos. Um aprendizado de 5 anos para então se trabalhar uma agenda própria para a festa. Hoje, sei que a Copa foi o próprio presente do santo padroeiro para sua cidade. Sem ele, não teríamos nem as obras da Copa que ainda relutam em concluir” afirma.
Foram firmados 32 contratos sendo 18 obras concluídas, sete com recebimento definitivo e 11 com recebimento provisório. Todas as obras , segundo o último balanço do Governo do Estado custaram pelo menos R$ 1 bilhão, isso sem a inclusão do VLT. As obras do modal, que estavam paradas desde dezembro de 2014, deverão ser retomadas ainda no primeiro semestre deste ano. O Governo do Estado e o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande firmaram um acordo, no dia 31 de março.
O anúncio de acordo ocorreu exatamente três anos depois da data prevista para conclusão da obra, que foi iniciada em agosto de 2012 e já custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. As partes entraram em acordo de que, para a conclusão da obra, o estado deverá pagar mais R$ 922 milhões. Quando da licitação da obra, a previsão de gasto total para a implantação do projeto era de R$ 1,477 bilhão.
“É a obra mais emblemática de todo o pacote. Eu não fui a favor do VLT no passado por acreditar que o sistema de transporte coletivo Bus Rapid Transit (BRT), seria o melhor para Cuiabá. Simplesmente pela facilidade e tecnologia nacional, pela rapidez de execução e pela oportunidade de se utilizar o biodiesel, que na época Mato Grosso era o maior produtor do Brasil. Era uma propaganda ótima, era um produto daqui”, relembra.
Mas ele destaca que foi decidido pelo VLT e foram bilhões investidos na obra da modalidade. “Hoje quero ver a obra concluída. Não tem duvida de que vai haver uma mudança significativa na cidade. Vamos tomar como exemplo a Ilha da Banana, que será demolida e incorporará a escadaria da Igreja de São Benedito (Rosário) formando um grande pátio. Eu não conheço exatamente o projeto. Mas fico sonhando com isso. E como o governador Pedro Taques disse que vai concluir, vejo que haverá uma mudança drástica no eixo Cuiabá Várzea Grande”,
Gilberto Leite/Rdnews
Construção do modal prometido para a Copa de 2014 será retomada ainda neste semestra
Para ele, festejar os 298 anos é exaltar uma cidade nascida entre as pepitas de um corguinhi com muito ouro chamado pelos nativos de Ikuiebo, Córrego das Estrelas, que desaguava em um belo rio entre grandes pedras chamado Ikuiapá, lugar onde se pesca com flecha-arpão em bororo. E ela floresceu bonita, célula-mater deste “ocidente do imenso Brasil”.
“Mãe de cidades e Estados, o aniversário de Cuiabá é também do Brasil neste vasto Oeste brasileiro. Por quase três séculos resistiu a duras penas, tempo heroíco que forjou uma gente corajosa e sofrida, mas alegre e hospitaleira, dona de rico patrimônio cultural e com proezas que merecem maior carinho da história oficial”, fala.
Cuiabá hoje vibra em dinamismo, globalizada e provinciana, festeira e trabalhadora, centro de uma das regiões mais produtivas do planeta que ajudou a ocupar e desenvolver. Entre trincheiras, viadutos e obras inacabadas a Capital anda em passos firmes para que tudo esteja pronto para os seus 300 anos.
“Agora só restam dois anos. Como evitar a simpática mesmice da “Garota Tricentenário” ou de um sambinha comemorativo? Logo, nem um miojo. Ficar nas obras da Copa? Os hospitais da UFMT e da prefeitura? Talvez ao menos um projeto para a revitalização do Centro Histórico envolvendo compromissos dos governos federal, estadual e municipal, abarcando toda amplitude de uma obra como esta, desde o rebaixamento da fiação até sua viabilização como um shopping cultural a céu aberto”, conclui o arquiteto.