O secretário de estado de Cidades (Secid), Wilson Santos, disse que o governo não vai desistir da retomada do VLT, mesmo após o parecer contrário do MPF e do MPE sobre o acordo feito entre o Executivo e o Consórcio VLT, vencedor da licitação da obra. Pelo acordo, deverão ser pagos R$ 922 milhões a mais para a implantação do modal, pelo qual já foi gasto pouco mais de R$ 1 bilhão. Caso seja concluído, o metrô de superfície deverá rodar em Cuiabá e Várzea Grande, na região metropolitana.
A declaração de Wison Santos foi dada em entrevista ao programa Primeira Página, da Centro América FM. "Não vamos desistir. Continuaremos trabalhando para a retomada e conclusão do VLT", disse. O secretário frisou que os ministérios públicos Federal e do Estado são contra os termos do acordo firmado, e não contra a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos em si.
"Analisando os documentos, percebe-se que não há nenhuma orientação contra a obra, de que não deva ser retomada. Pelo contrário. No final, os ministérios públicos sinalizam a favor da retomada e finalização da obra", disse Santos.
Licitado por R$ 1,4 bilhão e iniciado em 2012, o VLT está com menos da metade do projeto executado. A construção está parada desde dezembro de 2014 e já consumiu dos cofres públicos R$ 1,04 bilhão. Em 2015, governo e Consórcio VLT não entraram em acordo para a retomada devido a divergências em relação ao valor necessário para isso: as empresas pediam mais R$ 1 bilhão, montante contestado pelo governo.
A divergência foi parar na Justiça Federal e, naquele mesmo ano, cumprindo determinação judicial, o governo contratou, por R$ 3,8 milhões, uma empresa especializada para fazer levantamento sobre a obra, a KPGM. Já em 2016, a auditoria concluiu que seriam necessários mais R$ 602 milhões para retomada e conclusão da obra.
As negociações não avançaram nos meses seguintes e, em março deste ano, governo e consórcio anunciaram que haviam fechado acordo: seriam pagos mais R$ 922 milhões pela obra – valor pouco abaixo daquele inicialmente pedido pelas empresas responsáveis pela obra.
A justificativa para o gasto quase bilionário a fim de que o VLT seja retomado está nas dívidas deixadas pelo governo de Silval Barbosa (PMDB), disse Wilson Santos. "Para terminar a obra, são R$ 600 milhões e há um passivo de R$ 313 milhões da gestão do ex-governador de Mato Grosso".
O governo agora tenta aprovar na Assembleia Legislativa um projeto para autorização de empréstimo de R$ 800 milhões na Caixa Econômica Federal para a conclusão do metrô de superfície.
"Vamos continuar com a mensagem na Assembleia e vamos trabalhar para aprová-la", declarou o secretário. "Vamos seguir com o VLT em respeito ao que já foi gasto (…). Mais de 70% da população sinalizam, em pesquisas de opinião, que querem a retomada e a conclusão da obra".