“A cidade só é boa para turistas, se for boa para a população que mora nela”. É com este pensamento que o empresário e secretário adjunto de Turismo na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) Luis Carlos Oliveira Nigro afirma estar trabalhando pelo município de Cuiabá e pelo estado de Mato Grosso.
Durante a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da duplicação da Rodovia MT-251, entre as cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães,o secretário concedeu uma entrevista ao Agro Olhar.
Dentre os assuntos discutidos, Nigro falou sobre as melhorias que estão sendo implantadas para o turismo no estado e algumas das futuras ações que ainda serão feitas para melhorar o setor.
O que está sendo feito em termos de melhora na estrutura de locais turísticos no estado?
Estamos melhorando estas estruturas básicas. Pontes na Transpantaneira. Todo ano a época de chuva a Transpantaneira ficava intransitável, caia ponte. Hoje temos 30 pontes de concreto na Transpantaneira, além de uma patrulha 24 horas lá cuidando para não deixar ter atoleiro e não ter buraco. São coisas básicas que precisamos. Você vê em Chapada, o secretário Marcelo Duarte está recapeando toda a estrada até o Mirante, fez a ciclovia, ta fazendo a estrada do Coxipó do Ouro, outro balneário turístico importante para a gente. Asfaltou até Água Fria, que é outro ponto que vai se tornar turístico, além de ser onde temos o maior projeto de piscicultura do país implantado lá.
R$ 100 milhões foram destinados ao turismo este ano. Quais serão as prioridades?
Este recurso é para obras de modo geral para o turismo e elas já estão sendo feitas. É o Programa de Desenvolvimento Sustentável de Turismo (Prodestur). Não adianta só levar o avião para Barra do Garças. Estamos construindo também um centro de evento lá que vai mudar o perfil do turismo na região. Vamos poder mandar eventos, congressos para cidade para encher os hotéis fora de temporada. Faremos um centro de evento também em Tangará da Serra. Estamos fazendo mais cinco pontes de concreto lá na Transpantaneira. Pontes de 80 metros, 60 metros. Em Jaciara recuperamos a estrada para cachoeira da Fumaça. Estamos fazendo a estrada da Guia, as duplicações para Chapada. Vamos melhorar aquela trincheira. Tudo isso é dinheiro do Turismo. Não adianta falar que só vai fazer melhorias lá na ponta, temos que fazer na saída também para o turista sair confortavelmente da cidade. A cidade só é boa para o turista se ela for boa para população que mora nela.
Existe um projeto do governo para a duplicação da Rodovia MT-251 (Cuiabá – Chapada dos Guimarães). O que o turismo ganha com esta obra?
Chapada é a cidade mais importante de Mato Grosso no turismo. É o município mais visitado por turistas no estado. Nós temos hoje um volume grande de pessoas que utilizam aquela estrada nos finais de semanas e feriados. Temos problemas de congestionamentos e esta duplicação vai com certeza melhorar muito acesso dos turistas e da população da região de um modo geral a este importante atrativo turístico. A estrada passará dentro do Parque Nacional, por isso existem várias preocupações, mas estamos tendo todo o cuidado.
O que a Secretaria de Turismo planeja para enriquecer aquela região com a duplicação?
Neste trajeto teremos condomínios, paradas em mirantes, paradas de turismo para as pessoas contemplar toda a natureza. Ali também é um importante acesso para cidades como Nova Brasilândia, Campo Verde, Primavera do Leste e Até Barra do Garças. Isso ajudará muito na questão da fluidez do trânsito.
Quais são cuidados que o estado está tendo em relação ao meio ambiente?
Todos os cuidados com os impactos ambientais vão ser tomados, estaremos conversando com todos os órgãos como Ibama, ICMBio para que não tenhamos nenhum prejuízo ecológico, até por que o principal objetivo é ter uma estrada turística e se causarmos algum tipo de dano ambiental nós perdemos toda a finalidade do principal objetivo.
O governo vem desde o ano passado debatendo com deputados federais defendendo a liberação para ser construído um cassino na região do Manso. Como isso vai impactar no turismo?
O cassino é na região do Lago de Manso. Hoje está no Congresso Nacional uma lei para autorizar a abertura dos cassinos no Brasil. Isto é importante para o segmento turístico do Brasil todo e Mato Grosso tem condições, através do que está escrito na lei de ter este cassino. A região tem atrativos naturais e a lei fala que o empreendimento tem que ser instalados em locais que fomenta o turismo, como um resort. Isso vai ajudar em muito o turismo aqui no estado. Teremos condições de gerar mais empregos. Hoje este é um dinheiro que está indo para fora. O mato-grossense sai daqui para ir a Foz do Iguaçu, vai para Argentina, para Paraguai, Chile. Este é um público de poder aquisitivo que além de gastar este dinheiro aqui no Brasil, gerando emprego, pode estar desfrutando de nossas atrações turísticas.
O setor hoteleiro afirma que o turismo tem potencial de gerir receita equivalente ao agronegócio. O que falta para que este setor receba investimentos na mesma ordem?
O turismo nunca foi uma prioridade absoluta de nenhum governo. Não é por má vontade dos gestores, é por que existem tantos outros problemas, São tantas coisas para resolver que eles nunca puderam olhar com os olhos que o setor merece. Agora no governo atual nós estamos resolvendo algumas questões estruturantes e históricas que sem elas não conseguiríamos tocar para frente. Uma delas é que até hoje no estado não tínhamos um Conselho Estadual de Turismo. Até hoje não existia e o governador Pedro Taques criou aqui no Estado.
O conselho foi criado há quatro meses. Qual vão ser as mudanças daqui para frente?
Você pode pegar como exemplo Bonito (MS). Lá não nasceu do nada e só cresceu por que o estado tem Conselho, assim como Gramado no Rio Grande do Sul. O Conselho é aquela entidade formada por gestores públicos e pessoas da área de turismo que vai dar norte das ações para o governo do estado, opinando efetivamente no direcionamento da aplicação dos recursos para o turismo. Antigamente as aplicações dos recursos eram muito políticas, então se deixavam de fazer uma obra onde realmente necessitava para colocar o recurso no local que era o reduto eleitoral do secretário ou do governador da época. Havia este desvio de finalidade. Hoje, com o Conselho fica muito mais forte dar uma diretriz para o turismo com decisões técnicas e mercadológicas e não só política. Quanta coisa já não foi construída no Brasil todo, como escolas em lugar que não tem aluno, ponte onde não tem rio, estrada que não passa carro. Temos que ter este norte com a participação da sociedade na condução do andamento em todos os setores, inclusive no turismo.
Como está a situação do Aeroporto Marechal Rondon?
Quando assumimos pegamos a obra paralisada. Conseguimos retomar e finalizar grande parte, praticamente 99% da obra. Temos 100% da ala B e C, além de resolvermos a questão do ar condicionado. O aeroporto está hoje muito bom, melhorou muito.
Quais são as ações que o governo está fazendo em relações a vôos dentro do estado?
O governador Pedro Taques trabalhou no projeto ‘Voe MT’, programa de incentivo ao vôo regional, que faz a redução de (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ICMS as companhias aéreas que operam dentro de Mato Grosso. Qualquer companhia pode ganhar este incentivo e as empresas podem chegar a ganhar até 90% de desconto no ICMS. O programa viabilizou que as empresas abrissem mais vôos regionais.
Para quais cidades os mato-grossenses podem estar viajando hoje?
A companhia Azul já está operando para Sorriso, Barra do Garças. A empresa está querendo operar em Tangará da Serra e quer Cáceres. Só não está voando para estes destinos por que não tem o aeroporto para estas duas cidades, mas o governador já está trabalhando com estas regularizações. A empresa Asta também ampliou a malha e irá voar para Primavera do Leste, indo também para Campo Novo dos Parecis, lugares que ela não voava e está indo. Temos um estado continental e temos que aproximar os mato-grossenses através da malha aérea. Você vê a alegria do pessoal em Barra do Garças, eles ganharam 500 km que faziam em seis, sete horas, agora fazem em 50 minutos com uma passagem de R$ 170. Eles também estão com um vôo de Barra a Goiânia que chega em 25 minutos.
A Salgadeira era um ponto turístico muito freqüentado pelo turista cuiabano por ser de fácil acesso e barato. Quais são as alternativas?
Temos que mostrar a todos que Chapada não está fechada, por que o turista pensa que só por que o Portão do Inferno e a Salgadeira estão fechados, não tem mais nada para fazer. Chapada tem produto demais. Existe a diferença entre Produto e potencial. Se existe uma cachoeira de difícil acesso é um potencial, mas pode se tornar um produto. Chapada hoje tem muito produtos. O véu de Noivas é um produto, caverna Aroe Jari, Lagoa Azul, Paredão do Eco, Cidade de Pedra, o roteiro das cachoeiras do Véu de Noivas. Tem coisa demais na Chapada e tudo funcionando, com balneários abertos. Tudo tem o lado negativo e positivo. Teve o lado negativo o fechamento da salgadeira, mas abriu quantidade de outros. Tem a Sete Jota, Rio Claro, Mutuca, aquela comunidade se desenvolveu ali no Rio dos Peixes. Se a Salgadeira tivesse aberta não tinha crescido ali. A pressão de turismo local também cresceu no Coxipó do Ouro. Existe a Tribo do Remo, antes da Salgadeira. Eles tem Caiaque, você desce remando pelo Rio Claro, Coxipó do Ouro e sai na peixaria do Horácio. É lindo o passeio, você vai parando, tomando banho em praia, faz flutuação. Fiz com minhas filhas e elas ficaram enlouquecidas. Tudo é perto e acessível. O Lago do Manso tem milhares de coisas para fazer. Tem a Cia da Aventura, onde você pode saltar até de pára-quedas, voar de balão. Eu fiz um vôo de paramotor, é muito bacana ver aqueles paredões de Chapada. É espetacular.
Fonte: Olhar Direto