O Museu de Arte Sacra de Mato Grosso (MASMT) está aberto ao público desde o último dia 7 de fevereiro. Localizado ao lado da Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho, ele ocupa o primeiro andar do prédio do Seminário Nossa Senhora da Conceição, no alto do Morro Bom Despacho.
Dentro do museu está boa parte dos bens culturais religiosos do passado, dos séculos XVII, XVIII e XIX, como imagens, oratórios, crucifixos, objetos litúrgicos, documentos, fotografias, itens do mobiliário e objetos que pertenceram a Dom Aquino Corrêa, além de peças da antiga Catedral implodida a dinamite em 1968 – Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá – bem como parte de seus retábulos.
A catedral foi demolida a partir do pensamento modernizante vigente na década de 1960. O ato, por vários anos, foi lembrado e lamentado. Está no Museu de Arte Sacra, por exemplo, um antigo relógio, que ficava na fachada da antiga igreja, da marca Vitaliano Michelini (empresa que fabricava de relógios mecânicos para torres de igrejas e outras fachadas, desde 1908). Também fica ali a cruz de ferro forjado que ficava sobre o relógio.
Novidades
Nesta reabertura, o museu também traz uma série de novidades. Ele passou por algumas readequações para acessibilidade interna, colocação de rampas e banheiro acessíveis e, em breve, novas adequações das alas do Museu dedicadas a exposições permanentes acessíveis com áudios guia e outras novidades.
“Estamos sempre atentos à modernização das exposições. Atrelado a isso, nos preocupamos muito com a acessibilidade do público. Assim, já estamos planejando e dialogando com instituições ligadas a pessoas com necessidades especiais para que possam nos ajudar a pensar como expor de forma a contemplar pessoas com deficiência auditiva, visual, cadeirantes e mobilidade reduzida, visando sempre atender todos os públicos e alcançar a maior diversidade possível, além é claro de patrocinadores, benfeitores e voluntários que possam ajudar a viabilizar essas ações ”, revela Viviene Lozi, diretora do MASMT.
Além disso, há novas alas, como uma dedicada aos instrumentos musicais que trilharam as orações dos fiéis que frequentavam a antiga Catedral. Um piano Gustav Breyer Hamburg e um órgão com pedaleira, de marca Rodgers, estão entre as novidades.
Outra nova ala da exposição permanente é a sala dos retábulos. Trata-se de dois retábulos dos séculos XVIII e XIX, com 8 metros de altura, remanescentes da igreja implodida, um neoclássico e um barroco rococó, montados um de frete para o outros, exatamente como estavam organizados originalmente na Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Além dos retábulos, a mesa do altar, do retábulo neoclássico, montada com crucifixos e tocheiros utilizados à época compõem o salão de exposição.
O acervo do MASMT conta ainda com outros dois retábulos barrocos, somando quatro ao todo, já montados. Porém, esses outros dois só estarão expostos ao público em abril, quando Cuiabá completará 300 anos. “Para esses outros dois retábulos, ainda será necessária uma iluminação, expografia e sinalizações adequada para que possamos, definitivamente, abrir para visitação”, explica Viviene.
“O Museu de Arte Sacra de Mato Grosso é uma conquista da sociedade, patrimônio de todos nós cuiabanos, mato-grossense e brasileiros. São peças permeadas pela beleza e riqueza de detalhes, um acervo que interessa ao Brasil proteger, que possui tombamento em nível federal do IPHAN, no caso dos retábulos, tem o reconhecimento da sociedade enquanto patrimônio cultural, ou seja, somos guardiões de um patrimônio de todos os brasileiros”, comemora Viviene Lozi.
Das peças antigas, algumas passaram por restauração, higienização e recuperação. Todo o projeto foi desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) em Mato Grosso e ainda, com apoio financeiro do Ministério da Justiça via fundo de Direito Difuso, viabilizado pela Ação Cultural – Associação dos Produtores Culturais de MT.
“Imagens de santos, altares, retábulos montados se destacam entre as obras do acervo do Museu de Arte Sacra de Mato Grosso, afinal, a apreciação desses constata o forte vínculo do povo mato-grossense com a religiosidade e convida o visitante a uma incursão pela história da arte sacra. As peças salvaguardadas pelo MASMT são um legado para as gerações futuras. No caso dos retábulos, foram reconstituídas peças que desde 1980 estavam deixadas de lado e que por conta da ação do tempo, já se encontravam em estado de deterioração”, revela Allan Kardec, secretário Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso.
Fonte: Da Redação