Tricentenária, Cuiabá desperta para cuidar melhor de sua história. Cenário de abandono e de desabamentos recentes, o Centro Histórico de Cuiabá pode voltar a ser cartão postal da Capital a partir da implementação de ações conquistadas por um plano de gestão, que está sendo elaborado pela Academia de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (AAU-MT) e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A intenção é alcançar um selo de sustentabilidade internacional com o projeto, para atrair verbas do exterior.
De acordo com o presidente da AAU-MT, Eduardo Chiletto foram captados US$63 mil dólares, junto à Partnership for Action on Green Economy – Page, por meio da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, para aplicação em nove projetos.
O presidente explica que o primeiro passo é elaborar uma metodologia de participação direta, para que chegue à modelagem da vocação para o espaço promovendo o engrandecimento cultural e, ao mesmo tempo, criando uma infraestrutura focada na prestação de serviços.
Será feito um mapeamento dos casarões, para saber quais instituições e pessoas são responsáveis pelas propriedades históricas. A intenção é que Governo e sociedade participem do processo. Serão feitos projetos e não obras pontuais.
A ideia do plano de gestão, em parceria com a BRE (Building Research Establishment) é que com o certificado internacional o Centro Histórico possa concorrer verbas internacionais para obras de preservação e reconstrução.
O plano conta com ajuda de instituições como a BRE, Prefeitura de Cuiabá, Governo do Estado, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Arquidiocese da Capital, Academia Mato-grossense de Letras, empresários, investidores, associações e proprietários de casarões.
Parceiro dessa ação, o Iphan, que esta trabalhando em conjunto com a UFMT, em um programa experimental de assistência técnica. Será criado um Escritório Modelo e Canteiro, que contribua com a formação de mão-de-obra, com enfoque em conservação de patrimônio cultural material.
Segundo Chiletto faltam pessoas qualificadas para prestar esse tipo de serviço, sendo essa abordagem do Iphan uma forma de gerar emprego e renda.
Alunos da UFMT participaram de todas as etapas das ações, com seus orientadores.
Centro Histórico
Cerca de 400 imóveis integram o conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico do local.
Serão avaliadas todas as característica para a construção desse plano de gestão, como estado de conservação, estrutura física, energia elétrica, água e saneamento básico, acessibilidade, drenagem, coleta seletiva, ruas, sinalização entre outros.
A previsão é que todo esse levantamento seja entregue em dezembro, sendo a próxima fase a revitalização. Não há previsão de inicio do próximo passo, visto que depende de captação de fundos.
Retrato
Na primeira semana de fevereiro deste ano, a Prefeitura de Cuiabá anunciou que a área passava por um processo de valorização estrutural, ocupação e democratização, graças a recursos recebidos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-Cidades Históricas), do Governo Federal.
Os trabalhos tiverem inicio com o Museu da Imagem e do Som (Misc), que foi reaberto e hoje hospeda diversas manifestações culturais. Na sequência vieram as obras da Praça do Beco do Candeeiro e o prédio do Iphan. A agenda foi pensada para os 300 anos da cidade, e conta com nove outras intervenções, estimada em R$ 10 milhões.
Em contrapartida, outras estruturas estão se deteriorando, devido à falta de cuidados e irresponsabilidade em obras. A primeira gráfica e papelaria de Cuiabá, conhecida como “Gráfica do Pepê”, localizada na Rua Voluntários da Pátria, desabou em janeiro de 2019, restando apenas escombros.
A Casa de Bem Bem, conhecida por receber tracionais festas de santo, veio abaixo após negligência nas obras de revitalização.
A Prefeitura de Cuiabá iniciou reformas no imóvel e após duas semanas, o local que estava coberto apenas com uma lona preta e destelhado, desmoronou devido a chuvas.
Origem
O Centro Histórico é aonde surgiram as primeiras vias urbanas da cidade, a partir da descoberta de ouro às margens do córrego da Prainha, em 1722. O período da exploração da mineração foi curto, durando apenas até 1730, mas foi fundamental para a construção de Cuiabá. Esse espaço foi tombado como patrimônio histórico em 1933 pelo Iphan.
A área protegida compreende a 10% do Centro urbano da Capital, preservando as memórias e identidade do povo cuiabano.
Fonte: Repórter MT