Patrimônio Histórico Municipal de Cuiabá, desde 1983, o Parque Antônio Pires de Campos, mais conhecido como Morro da Luz, encontra-se atualmente em estado de completo abandono. O local, que é uma grande área verde no centro da capital mato-grossense, já foi um espaço de descanso e lazer para as pessoas que moravam nos entornos ou frequentavam a região.
O nome “Morro da Luz” se deve ao fato de que em 1928, foi inaugurada no alto do parque a subestação de uma usina que fazia distribuição de energia para a cidade. Estima-se que o Parque Antônio Pires de Campos possua cerca de 1500 árvores de 50 espécies, sendo 90% delas nativas e ainda estão, em sua maioria, saudáveis e em pleno desenvolvimento. Por conta de tantas árvores, pesquisadores afirmam que sua temperatura é em média de 3 a 4º C menor do que no centro de Cuiabá.
Apesar de tanta diversidade natural, não é aconselhável caminhar pela região. Além da insegurança, o local encontra-se sujo e carece de infraestrutura. Não há uma ação diária ou semanal de limpeza no local, o que possibilita o acúmulo do lixo deixado pelas pessoas em situação de rua que frequentam o parque. Em contato com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, a fim de saber se há planos de atenção voltada à região, a redação não obteve retorno.
Quando candidato, o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), havia prometido revitalizar o local. Segundo o emedebista, as propostas eram parte de um programa de recuperação do Centro Histórico da cidade e deveriam ser entregues em comemoração ao tricentenário da capital, ocorrido no último dia 8 de abril. Graças à data especial, o município ganhou até uma secretaria nova, a “Secretaria Extraordinária dos 300 anos” (Sec 300). Entretanto, passado mais da metade do mandato do prefeito, não é possível observar avanços.
A prefeitura chegou a apresentar o projeto “Revitalização do Morro da Luz”, que inclui diversas obras, entre elas, um restaurante giratório no alto do morro em cima de uma torre, tal qual o prefeito havia visto na Times Square, famosa avenida de Nova York, nos Estados Unidos. Na apresentação da Sec 300 à imprensa, em agosto de 2017, o prefeito chegou afirmar que desejava que o projeto fosse bem semelhante à obra nova-iorquina: “O pessoal falou: ‘você quer aquele restaurante que gira ou parado?’, eu perguntei: ‘como que é em Nova Iorque?’, ele falou: ‘lá gira’, então eu quero que gire aqui também. Por que tem em Nova Iorque e aqui não vai ter? Eu quero que gire o de Cuiabá também”, afirmou o prefeito à época.
O fato é que o projeto, que inclui também a obra ‘Caminho das Igrejas’, ação que interligaria igrejas da capital por meio de uma passarela, foi inicialmente orçado em R$52 milhões. Atualmente, segundo a própria Prefeitura, o projeto ainda encontra-se em fase elaboração e “depende agora da aprovação de um empréstimo de US$ 110 milhões, junto à financiadora Corporação Andina de Fomento (CAF)”. Ou seja, espera-se contrair um empréstimo de cerca de R$424 milhões de reais, um valor aproximadamente 8 vezes maior que o estipulado a ser gasto em princípio. Além disso, a prefeitura afirma que após a construção da controversa obra, custeada pelo erário público, deve concedê-la a iniciativa privada, por meio de parceria público-privada.
Enquanto isso, o Morro da Luz segue sendo um cartão postal da capital mato-grossense que não apresenta mínimas condições para que seja usufruído pela população e é, há anos, relegado pelo poder público.
Fonte: PNB Online