O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, admitiu que o Brasil errou no começo da pandemia, em março, quando orientou a população a buscar atendimento só em casos graves da covid-19. Durante entrevista na manhã desta quarta-feira (24), o gestor afirmou que o caos está instalado e não há previsão para que esse cenário melhore. Ele também falou sobre elaborar um “kit covid” para tratar a doença e descartou a possibilidade decretar lockdown em todo o estado.
Durante live na página do governo do Estado, o secretário afirmou que a taxa de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do estado estava em 87% na terça-feira (23), mas que esse número já deve ter ultrapassado os 90% nesta quarta-feira.
Ressaltou ainda que o Brasil errou ao recomendar que as pessoas buscassem atendimento só em estado grave. “Hoje reconhecemos isso. Pois as pessoas já chegam às unidades em quadro acentuado e precisam de UTI, nem ficam na enfermaria. O que deveria ser o último suspiro, a última instância de atendimento, se tornou a primeira. A saúde está colapsada e sem perspectiva de melhorar”.
Hoje há 600 vagas de enfermaria disponíveis em Mato Grosso e menos de 30 leitos de UTI para a população. Ele ainda destaca deficiência na atenção primária em atender aos pacientes que chegam com sintomas de covid-19. Há locais em que faltam medicamentos, mesmo as prefeituras tendo recebido repasses substanciais para aquisição e insumos.
O secretário pontua que está em andamento a implantação de 100 leitos de UTI no estado, no entanto, o processo tramita na velocidade necessária para amenizar o casos vividos atualmente. Afirma que a criação esbarra em itens como a falta de pessoal, dificuldade na compra e instalação de equipamentos e também compra de medicamento, que já começaram a faltar.
Ainda nesta quarta-feira o Estado fará uma compra emergencial de medicamentos a serem distribuídos na atenção básica de algumas cidades que não conseguiram adquirir os remédios. Ainda explica que o apelidado “kit covid”, com conjunto de medicações para tratar a doença de forma precoce.
“Eu nunca disse que era contra o Kit covid. O que eu não concordo é em fazer um pacotinho e distribuir indiscriminadamente para as pessoas. Se houver receita médica, acredito que ele pode ser entregue sim para tratar as pessoas de forma precoce, ainda na atenção básica e impedir que cheguem à UTI”, explica. O governador Mauro Mendes (DEM) já sinalizou favorável ao kit e Várzea Grande começou a distribuir a medicação essa semana.
Lockdown em todo o Estado
Após decisão judicial que mandou fechar todo o comércio não essencial em Cuiabá e Várzea Grande, a prefeita Lucimar Campos (DEM) disse que irá cumprir e suspender funcionamento na quinta-feira (25). Já Emanuel Pinheiro (MDB) é resistente a decisão e quer que a decisão atinja todo o estado.
Ele argumenta que cidades em que não é fechado o comércio, há maior contaminação pelo coronavírus e esses pacientes são trazidos para a capital, sobrecarregando os hospitais.
Figueiredo é contra a ampliação da decisão, pois as cidades têm realidades diferentes. Ele explica as medidas : “você tem 5 filhos e um deles está com febre, você vai dar analgésico para todos eles? Não vai!”.
Ele ainda criticou a postura do gestor “então só vou fazer algo se todos fizerem?”.
“Tem prefeito que fala que não precisa fechar, que isso é medida extrema, que as coisas estão sob controle. O que precisa acontecer então? 90% das UTI’ estão ocupadas”, afirma.
O gestor pontua que está havendo dificuldade na regulação de pacientes para a UTI, por isso há fila de espera mesmo com poucas unidades ainda abertas. Quem decide quem vai para a UTI é o médico regulador. Não sei números, mas há fila de espera”, pontua.
Hoje Mato Grosso tem 35% de taxa de isolamento, o que é muito baixo para conter a disseminação do novo coronavírus. O estado tem 11.017 casos confirmados de covid-19 e 423 motes pela doença.
Fonte: Gazeta Digital