As escolas estaduais vão retomar as aulas virtualmente no dia 3 de agosto e dificuldades para ministrar as atividades vão aparecer logo no início. A falta de infraestrutura para acesso à internet e de ausência de rotina dos alunos para os estudos são obstáculos que podem colocar o ano letivo a perder para boa parte deles.
Conforme a secretária de Educação, Marioneide Angélica Kliemaschewsk, as atividades escolares, hoje concentradas na Secretaria de Educação (Seduc), serão transferidas para as escolas, que passarão a ser responsáveis por entregar os conteúdos aos seus matriculados.
Porém, para o modelo dar certo, será necessário o empenho pouco costumeiro de pais e alunos. Conforme a secretária, haverá situação em que os pais precisarão ceder seus smartphones aos filhos para que eles acessem a internet.
Isso porque 47% dos alunos em Mato Grosso não têm acesso à internet via meios mais convencionais. É um universo de mais de 157 mil estudantes, da pré-escola ao ensino médio, que poderão ter grande dificuldade de cumprir o cronograma de maneira tranquila.
O que a totalidade deles têm em comum é o acesso a telefones celulares, conforme a Seduc. A alternativa seria o sistema de material físico, com a impressão de conteúdo da grade pelas escolas. Mas o retorno remoto está sendo programado com atividades offline e online.
“Nós temos atendidos todos esses alunos via apostila. Disponibilizamos para as unidades educacionais recursos para que imprimam todo o material que está na plataforma Aprendizagem Conectada e disponibilize para os alunos, sem gerar aglomeração nas escolas”, disse a secretária.
Dificuldade de saída
A novidade das aulas virtuais também deverá absorvida pelos professores. Conforme a secretária estadual, apesar do debate sobre tecnologia na educação ter mais de 30 anos, boa parte dos profissionais têm dificuldades no domínio dessas tecnologias.
Nem mesmo as escolas têm condições da implantar o ambiente virtual para interação com alunos – os computadores estão defasados, falta rede de acesso à internet com estrutura necessária, além da pouca intimidade dos profissionais da educação para esse universo.
Para mitigar a demanda que passará a ser diária, a Seduc formou mais de 8 mil professores em curso de tecnologia da educação para lidar com as ferramentas. No fim deste mês, eles passarão por um novo seminário de instrução para iniciar as atividades no dia 3 de agosto.
“Do dia 15 ao 31 vamos estar com todos professores em curso formação continuada para lidar com essas tecnologias, porque uma realidade é ter a tecnologia à disposição, e outra realidade é saber lidar com elas. Ainda temos um grande número de profissionais que não conseguem lidar com essa realidade, eles são anteriores a essa tecnologia”, disse.