O Instituto de Engenharia de Mato Grosso (IEMT) realizou esta semana uma “live”, “VLT e Sua Viabilidade Técnica e Econômica” que contou com três palestrantes: eu, representando o Movimento Pró VLT; o engenheiro civil Fernando Orsini, ex-gerente do Consórcio VLT; e o engenheiro Jean Pejo, ex-Secretário Nacional de Mobilidade Urbana, responsável pela criação do Grupo de Trabalho (GT), em 2019.
Os trabalhos da reunião foram conduzidos pelo presidente do IEMT, engenheiro Jorge Rachid, que representa com dignidade o Instituto de Engenharia de Mato Grosso (IEMT). Seu trabalho é reconhecido na instituição promovendo discussões de políticas públicas, incentivando o aprimoramento do conhecimento, promovendo a valorização da engenharia e nos avanços científicos e tecnológicos do Estado de Mato Grosso.
O engenheiro Fernando Orsini, apresentou de forma competente um escopo do VLT com gráficos e painéis, mostrando os investimentos já realizados. Orsini destacou na sua primeira parte, os investimentos feitos como a compra de 280 vagões, a construção da estação de passageiros do aeroporto, de 3,5 km de trilhos eletrificados, a compra de todos os trilhos restantes para completar os 22 km do total, a ponte de concreto de 224 metros sobre o rio Cuiabá, dois viadutos (da UFMT e da SEFAZ), além de trincheiras e outros serviços como o da preparação dos trilhos da Avenida da Prainha, com a preocupação da manutenção do canal.
Na segunda parte, Orsini enfatizou a contribuição do VLT trará para a economia do município, baseado num estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Na verdade, o VLT vai devolver cerca de 151 milhões de reais por ano à sociedade cuiabana em tempo de deslocamento (tempo menor), não emissão de gases poluentes (poluição zero) e a redução de pessoas internadas em hospitais com problemas respiratórios por respirar o ar sujo”. É bom salientar que 9 em cada 10 pessoas respiram ar contaminado no mundo, sendo que 7 milhões morrem anualmente pela má qualidade do ar.
O ponto alto do encontro foi a palestra do brilhante engenheiro Jean Pejo, digno representante do Instituto de Engenharia de São Paulo, e sem dúvida, uma das pessoas mais respeitadas na área de mobilidade urbana do país. Tive o privilégio de conhecê-lo na década de 1980, no Simpósio “O Papel da Fepasa no Futuro” realizado em São Paulo. Jean Pejo era o Coordenador da Fepasa e do evento. O meu pai, Senador Vuolo, foi palestrante junto com Olacyr de Moraes. Naquela ocasião, foi decidida, num plenário lotado com 400 empresários, a construção da tão sonhada ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná entre Rubinéia (SP) e Aparecida do Taboado (MS). Hoje, a ponte é denominada Senador Vuolo, a parte ferroviária.
Na sua palestra, Jean Pejo relembrou com emoção a luta pela construção da ponte e da ferrovia para Mato Grosso ao lado do senador Vuolo. E foi com a mesma convicção e amor pelos trilhos, que ele defendeu o Veículo Leve sobre Trilhos como a única solução viável para a mobilidade urbana de nossa capital.
Na primeira parte, o ex-Secretário Nacional de Mobilidade Urbana, falou de onde nasceu a portaria que criou o Grupo de Trabalho (GT): “Foi consequência de uma reunião que realizei com o Governador Mauro Mendes, eu convidei para participar todos os responsáveis, Caixa Econômica Federal, Fundo Curador do FGTS, Secretários de Estado de Mato Grosso, órgãos de controle (CGU E TCU). Assim nasceu a Portaria nº 1.674 de 12 de julho de 2019 com a finalidade foi detalhar de forma transparente tudo que aconteceu no VLT e com a intenção de olhar para frente e resolver o problema”.
Para Jean Pejo, o prazo de 4 meses era mais do que suficiente para a apresentação do relatório final. Durante o período que esteve à frente da pasta, vários estudos foram feitos, auditorias e muitas informações levantadas.
Foram apresentadas as alternativas técnicas e a melhor proposta para atender a sociedade. Mesmo com a sua saída da Secretaria para exercer uma Assessoria Especial do Ministro de Desenvolvimento Regional, Jean Pejo continuou acompanhando os trabalhos, só que também, ele recebeu a missão de cuidar do projeto do Marco Regulatório do Saneamento.
Jean Pejo citou a audiência solicitada pelo Movimento Pró VLT com o Ministro Canuto, no início de novembro de 2019, onde tinha sido garantido pelo então Ministro Canuto a entrega do relatório final do relatório pelo GT, ainda naquele mês. Mas, para a surpresa de todos, foi prorrogado mais quatro meses.
No final de janeiro, Jean Pejo deixou o Ministério e voltou para a iniciativa privada, em São Paulo. Mas, deixou um legado. O GT foi sua iniciativa e nós cuiabanos jamais, vamos esquecer do seu amor a causa do VLT. Dever cumprido e vontade de fazer pelo Brasil.
Em todo o instante do evento, Jean Pejo foi categórico: “Como engenheiro estudioso há 40 anos na Mobilidade Urbana e muito sensível a qualidade de vida, principalmente, dos mais pobres, afirmo que a melhor solução para as pessoas de Várzea Grande, Cuiabá e Mato Grosso, é o VLT. É a solução técnica, institucional e econômica. Não tem um quesito que o VLT perca para outro modal”.
E aí fica o grande ponto de interrogação na cabeça de todos os cidadãos, por que o governo está adiando a retomada das obras?
Vicente Vuolo é economista, cientista político.