A Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), ligando a cidade de Mara Rosa, em Goiás, até Água Boa, em Mato Grosso, começará a ser construída em abril. A previsão de conclusão será de cinco anos. A informação foi confirmada ao senador Wellington Fagundes (PL-MT), presidente da Frente Parlamentar de Logística e Infraestrutura (Frenlogi), e pelo presidente da Valec Engenharia, André Kuhn. A Valec será a responsável técnica pela obra.
O prazo para início das obras foi também confirmado pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Davi Barreto. Ele informou ao senador que até o final deste mês ou começo de dezembro o contrato da Vale para o empreendimento deverá ser oficialmente assinado.
Além de tratar de conhecer detalhes do projeto, as duas reuniões – com a Valec e ANTT – teve como finalidade discutir aspectos dos impactos sociais sobre as comunidades na região de influência dos trilhos. Fagundes manifestou forte preocupação com a preparação dos municípios para receber os empreendimentos, ao lembrar dos efeitos negativos causados às cidades que receberam os trilhos da Ferronorte.
“Quando começaram a montar os canteiros de obra, não houve uma preocupação com os impactos na saúde, na educação e, sobretudo, na segurança. Tivemos casos de cidades que, após desativado o canteiro de obras, se formou um verdadeiro bolsão de pobreza e miséria, e tudo isso recaiu sobre a responsabilidade dos municípios. Não podemos cometer esse erro novamente” – disse o senador.
A reunião contou com a presença do prefeito eleito de Água Boa, Mariano Kolankiewicz Filho e do superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Nelson Fraga, além de técnicos e consultores da Frente Parlamentar. Fraga informou que a autarquia reúne condições de desenvolver um amplo projeto de capacitação profissional para ocupação da mão de obra e de arranjos produtivos ao longo da ferrovia.
A ligação entre Água Boa e Mara Rosa terá 382 quilômetros de trilhos. As obras se iniciarão por Goiás, avançando em direção a Mato Grosso. Além de Água Boa, estão na área de influência da ferrovia em Mato Grosso os municípios de Cocalinho e Nova Nazaré.
A FICO tem como objetivo inicial propor uma opção logística ferroviária eficiente para o escoamento da produção de grãos da região Centro-Oeste (maior produtor nacional), em direção aos portos brasileiros de grande capacidade, acessados a partir da Ferrovia Norte-Sul e, consequentemente, à malha nacional.
Na implantação da ferrovia estão previstos dez pátios de cruzamento, um pátio de formação de trens em Mara Rosa (GO), dois pátios de carga e descarga, sendo o primeiro localizado em Nova Crixás/GO e o segundo em Água Boa.
De acordo com o senador Wellington, a ferrovia vai impactar no desenvolvimento econômico do Vale do Araguaia. Outrora chamado de ‘Vale dos Esquecidos’, a região, segundo Fagundes, pode, sozinha, produzir tudo o que Mato Grosso já produz. “E com um detalhe: sem derrubar uma árvore sequer. Por isso saio dessa reunião entusiasmado” – disse.
CENTRO LOGÍSTICO – Mato Grosso caminha para ter um dos maiores centros logístico do país. Durante solenidade de posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou que já trabalha para estender os trilhos da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, de Água Boa até Lucas do Rio Verde.
Esse projeto, segundo ele, está dentro do contexto da concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que liga o Porto de Ilhéus (BA) à Ferrovia Norte-Sul, em fase de implantação.
Além da FICO, Mato Grosso deverá em breve a extensão da Ferronorte, de Rondonópolis para Cuiabá, e depois seguindo para o Norte do Estado e também a Ferrogrão, que sairá de Sinop e chegará a Itaituba, no Pará, onde deverá se conectar com os portos do Arco Norte da Logística a partir de Miritituba.
Fonte: Gazeta Digital