Cuiabá é um dos 16 centros espalhados por sete estados brasileiros que participam do ensaio clínico para testar a eficácia da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus em humanos. Na Capital mato-grossense, a intenção é incluir 800 participantes, mas, até o momento, apenas 160 voluntários – 20% do total esperado – foram cadastrados.
Por isso, Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), recruta voluntários.
No Brasil, o ensaio clínico para testar a eficácia do imunizante é coordenado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a vacina é uma das 10 que no mundo todo se encontram na fase três, penúltima antes da aprovação, e, até o momento, tem apresentado resultados promissores, segundo os pesquisadores do Instituto Butantan e demais estudiosos envolvidos no estudo.
Em Cuiabá, onde os testes começaram a ser realizados no dia 6 de outubro, a pesquisa é coordenada pelo professor Cor Jesus Fernandes Fontes, da Faculdade de Medicina (FM) da UFMT e pesquisador do Núcleo de Pesquisa Clínica do HUJM.
Segundo ele, a CoronaVac já foi aplicada em mais de 10 mil profissionais da saúde no Brasil, sem a apresentação de nenhum evento adverso grave.
“Um efeito adverso grave, por definição internacional, é toda manifestação relacionada ao produto que está sob investigação, pode ser medicamento ou vacina, que resulte em óbito, invalidez ou alguma anomalia”, explica Fontes.
No último dia 9, a Anvisa havia suspendido os estudos da vacina no Brasil após a morte de um voluntário.
A medida provocou uma série de questionamentos por parte de pesquisadores envolvidos no estudos e autoridades, mas o Instituto Butantan esclareceu que o evento não tinha nenhuma relação com a vacina.
Na quarta-feira (11), a agência anunciou a retomada dos ensaios.
Em relação a eficácia, a expectativa dos pesquisadores envolvidos na pesquisa da CoronaVac é de que o imunizante ofereça a proteção necessária, principalmente por utilizar uma tecnologia bastante tradicional, diz Cor Jesus.
Essa vacina utiliza uma versão inativa do vírus, obtido de cultura de célula.
Isso significa que o vírus, inteiro, foi exposto ao calor e substâncias químicas até não ser capaz de se reproduzir e representar riscos ao paciente.
Feito isso, a inoculação é feita no organismo, que desenvolve formas de combater a doença sem deixar o indivíduo enfermo.
“Esse vírus inteiro, ele tem a vantagem de induzir uma resposta imunológica mais alta, mais poderosa, porque o vírus vai completo no organismo da pessoa imunizada. É diferente de quando você dá uma partícula viral e você estimula uma resposta imune apenas contra essa partícula”, afirmou Fontes.
Atualmente, a fase três da CoronaVac está em testes no Brasil, mas, antes de chegar até aqui, ela passou por três outras fases – a pré-clínica, fases um e dois -, realizadas na China, que atestaram a segurança da continuidade dos estudos do imunizante.
Os pré-requisitos para voluntários interessados de Cuiabá são: atuar como médicos, enfermeiros, bioquímicos, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, dentistas, com registro em conselho de classe, ter idade acima de 18 anos e sem limite superior de idade, desde que esteja atuando na atenção a pacientes com Covid-19.
O voluntário pode ter ou não ter tido Covid-19 antes.
Para quem tem interesse em participar do ensaio como voluntário, o contato com o HUJM pode ser realizado a partir dos telefones (65) 3615-7319 e (65) 98466-5246.
Os resultados dos estudos clínicos da Coronavac acabaram de ser publicados pela revista científica Lancet Infectious Diseases.
A publicação mostra que a vacina é segura e tem capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos.
Fonte: Diário de Cuiabá