Nesta segunda-feira (18), às 9 horas, um grupo de mulheres realiza um manifesto pacífico até o Palácio Paiaguás, no Centro Político Administrativo, como forma de reforçar o pedido para que o Governo do Estado permita que o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Marcos Catão Dornellas, faça uso de seu direito de defesa, mas afastado do cargo. Catão foi denunciado por assédio sexual a uma ex-assessora, de apenas 19 anos.
A denúncia de assédio sexual veio à tona na noite da última segunda-feira (11). A ex-assessora técnica do presidente do Indea, confeccionou um boletim de ocorrência ainda em novembro, na Polícia Civil, data em que também pediu exoneração do cargo. No entanto, o caso só se tornou público esta semana, ganhando enorme repercussão.
O objetivo principal da manifestação é chamar a atenção para situações como a vivida pela ex-assessora, solidarizar com sua coragem de pedir exoneração de seu cargo, mesmo precisando de seu holerite, já que é oriunda de família humilde e uma das mantenedoras de sua família.
O movimento, contudo, leva algumas outras pautas em favor da luta em defesa dos direitos da mulher. Cobra mais compromisso das autoridades quanto ao número cada vez maior de agressões e mortes que tem tornado os feminicídios uma violência banal.
A lista para a participação do protesto deve incluir nomes de mulheres, integrantes do grupo, como da deputada estadual Janaina Riva (MDB), deputada federal Rosa Neide (PT), vereadora Edna Sampaio (PT), a secretária municipal da Mulher, Luciana Zamproni, empresárias, advogadas, jornalistas e várias outras ligadas às lutas em favor dos direitos das mulheres e contra a violência de que muitas são alvo, cotidianamente, como Maria Fernanda Figueiredo, diretora da Organização Não Governamental, Liga de Reestruturação das Irmãs Ofendidas no seu Sentimento (Lírios). Ou Flávia Moretti – procuradoras e presidente da OAB Subseção de Várzea Grande – e ainda membro da rede de enfrentamento contra a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento.
Estarão presentes, igualmente, na manifestação desta segunda, Sônia Mazetto e Ariana Paim, respectivamente, presidente e coordenadora dos direitos da mulher da BPW de Várzea Grande .
Outras participantes do grupo como a tenenente-coronel Emirella[que também é outra presidente da BPW de Várzea Grande], a vereadora Michely Alencar (DEM), e a empresária e suplente de senadora, Margareth Buzetti, que ainda não sabem se estarão em Cuiabá, na segunda, garantiram que participarão da manifestação de forma virtual, por meio de suas redes sociais.
Aliás, nesta última quinta-feira (14), Margareth Buzetti se manifestou em favor da ex-assessora, ao classificar como ‘um erro do Governo do Estado em não afastar Marcos Catão Vilaça, presidente do Indea, acusado de assediar a ex-servidora’. Por meio de suas redes sociais, Buzetti lembrou que, por estar em cargo de liderança, Catão deveria responder pelo suposto crime longe do órgão.
“Por exercer cargo de liderança, Catão deveria ser mantido distante de seu posto até o final do inquérito instaurado pelo Governo do Estado. Assim, não existiria o risco de que testemunhas sejam cerceadas e que o procedimento de apuração fuja de seu curso natural e justo”.
Nesta sexta-feira(15) outra instituição que mostrou preocupação com a denúncia foi a OAB-MT, por meio da presidente da Comissao em Defesa da Mulher, Clarissa Lopes Dias Maluf Pereira. Revelando ao site O Bom da Notícia que o órgão está acompanhando pari passu a apuração do caso, juntamente com o Conselho Estadual da Mulher. “Esperamos que a denúncia seja, contudo, apurada o mais rápido possível e comprovada a ocorrência que o servidor seja devidamente responsabilizado”.
Sororidade
A denúncia que veio à tona na noite desta última segunda-feira (11), já havia ganhado a indignação da deputada Janaina Riva (MDB) e da primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes. Ambas lamentaram a situação humilhante a qual a ex-servidora foi submetida e se solidarizaram com ela, em postagens em suas redes sociais.
Virginia – por exemplo -, ao se posicionar contra o assédio vivido por F.C.B.A., posou com um X vermelho na palma da mão, conhecido como sinal de socorro para as vítimas de violência. Ao assegurar que no governo do marido, o gestor estadual Mauro Mendes (DEM), há um compromisso claro em defesa dos direitos das mulheres.
Já a deputada Janaina Riva garantiu, no seu Instagram, que já teria pedido o afastamento de Catão ao secretário da Casa Civil, Mauro Carvalho. Lembrando que o presidente do Indea tem o direito de se defender, desde que afastado do cargo.
Outras mulheres ligadas a movimentos de defesa aos direitos da mulher e contra quaisquer tipos de violência, se posicionaram, igualmente, em favor da ex-assessora. É o caso da defensora pública e coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher em Cuiabá, Rosana Leite, a procuradora e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Gláucia Amaral, e ainda a vereadora por Cuiabá, Edna Sampaio. Todas repudiaram a ação, ao lamentar que os assédios estejam ocorrendo com cada vez mais frequência nos ambientes de trabalho.
O movimento se sentiu estimulado a solidarizar com a ex-servidora, principalmente após alguns membros do staff do governo do Estado se posicionarem contra a saída de Marcos Catão do comando do órgão, durante o processo de investigação. Dentre eles, o secretário César Miranda, que comanda a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o vice-governador Otaviano Pivetta (sem partido), que acredita que o presidente do Indea-MT deva permanecer no cargo até o esclarecimento dos fatos.
Mesmo o governador Mauro Mendes, que apesar do ‘puxão de orelha’ da primeira-dama Virginia Mendes, disse em conversa com jornalistas na quarta-feira (13), que não tomará decisões sem apurar os fatos e que Catão retorna de suas férias na segunda-feira, quando terá a oportunidade de “se explicar”. “Com a verdade apurada, as responsabilizações serão realizadas’, disse.
Biossegurança
O movimento criado pelas integrantes do grupo de Whatsapp ‘Mulheres MT’ – composto por mais de 60 mulheres –, optou em reduzir o número de participantes, como forma de evitar aglomeração e assegurar que sejam mantidas as regras de biossegurança, levando em conta o aumento no número de casos da Covid-19 e, assim, manter o distanciamento e fazer uso de proteção individual, como máscaras e álcool em gel.
Fonte: O Bom da Notícia