‘Ex-elefante branco’, diz mídia nacional ao se referir à Arena Pantanal

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Construído para a Copa do Mundo de 2014, a Arena Pantanal de Cuiabá completou nesta sexta-feira (02), sete anos de seu jogo de inauguração com uma nova perspectiva: a de deixar o incômodo rótulo de ‘elefante branco’ por falta de aproveitamento. Ao menos é o que prevê o conhecido site Uol, que se referiu à arena como ‘ex-elefante branco’ em sua publicação desta sexta-feira, 2 de abril. Conforme o site de forte propagação nacional, isso se deve ao sucesso e ascensão do Cuiabá, clube da cidade que conquistou, este ano, o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.

O site observa que trata-se mais do que uma data comemorativa. ‘O ano é importante porque pela primeira vez há uma perspectiva de realização de jogos de elite com frequência no local, graças ao acesso do Cuiabá’. A publicação também faz comparação com a Arena da Amazônia, Arena das Dunas, Arena Pernambuco e Mané Garrincha que, desde o Mundial, se tornaram ‘elefantes brancos’, por serem estádios que só recebem jogos de pouco apelo ou caça-níqueis de empresários em acordo com a CBF e grandes clubes, principalmente do Rio de Janeiro e até um esquema de corrupção na venda de mandos foi descoberto.

O Uol ressalta que em 2021, porém, a Arena Pantanal passa a ser um estádio que não depende mais de ‘favores’ para ter futebol de alto nível. Fundado em 2001, o Cuiabá Esporte Clube subiu para a Série A junto com Chapecoense, América-MG e Juventude, colocando Mato Grosso na elite após 35 anos. O time usa o estádio desde a inauguração.

Entrevistado, o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch afirmou que a decisão de comprar e investir no Dourado foi impulsionada pelo fato de ele pertencer a uma cidade que foi sede da Copa do Mundo de 2014 e à construção do estádio. “Foi o ponto principal para a retomada do futebol local e lá conquistamos títulos e grandes vitórias. Durante as séries C e B, o povo da cidade vinha acompanhar, mas não era atrativo o suficiente para utilizar toda a capacidade do estádio. Em uma Série A é possível explorar todas as possibilidades”, disse.

Proprietária de indústrias de borracha em Mato Grosso, a família Dresch, que já havia patrocinado a equipe, comprou a operação do clube em 2009 justamente em razão do projeto da Arena Pantanal e perspectivas de futuro. De alguma forma, uma das iniciativas de Fifa e CBF na época da Copa acabou cumprida com o desenvolvimento do futebol em regiões periféricas. Mesmo que a longo prazo e custo.

Para o Governo, a Arena Pantanal também é um fator de grande importância. O secretário de Cultura, Esporte e Lazer (MT), Alberto Machado, frisou que o acesso do Cuiabá no Brasileirão é “um diferencial para a ativação completa da Arena Pantanal”.

No ano inteiro de 2017, o estádio recebeu apenas 22 partidas, o que motivou um processo de “reutilização” de suas áreas, ou seja, aproveitar o prédio público ocioso para alguma função útil.

Atualmente, além dos jogos do Cuiabá e de outros clubes da região metropolitana, a Arena Pantanal abriga a Escola Arena (Escola Estadual Governador José Fragelli, para cerca de 400 alunos do 7º ano Fundamental até o 1º ano Médio), a secretaria adjunta de Esporte e Lazer do Estado, uma unidade do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), um centro de arrecadação de alimentos e também o Centro de Triagem da Covid na capital. E, como em outras partes do país, o estádio também acabou aproveitado na operação de combate à covid-19.

O secretário lembra outra importância do estádio: “O Centro de Triagem de covid-19 foi instalado desde o início do crescimento do primeiro pico da pandemia, em julho de 2020. O Governo do Estado implantou o espaço para oferecer atendimento e tratamento primário, que inclui a testagem, como forma de evitar o agravamento da doença em pessoas que apresentam sintomas leves. O funcionamento está sendo muito importante para impedir casos mais graves e garantir o acesso a um atendimento de saúde público e de qualidade. Enquanto a pandemia se mantiver no país, o espaço continuará funcionando na Arena Pantanal”.

Arena Pantanal durante a Copa do Mundo de 2014: lotada

A Arena Pantanal é mantida e administrada pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do Estado e o custo de manutenção anual varia entre R$ 3,6 milhões e R$ 3,8 milhões, sendo a maior parte de energia elétrica. Toda utilização, para partidas ou eventos, é analisada pelo governo, que cobra 8% das receitas de jogos do clube mandante, seja ingresso, bar e afins. Na pandemia, este valor foi a zero, mas o Cuiabá e a Federação Mato-grossense se encarregaram dos cuidados com o gramado.

Com a possibilidade de aumento das despesas devido às demandas da Série A, estão sendo planejadas parcerias com a iniciativa privada para dividir gastos, porque há preocupações com a estrutura do entorno e imperfeições internas. A Arena Pantanal custou aos cofres públicos cerca de R$ 630 milhões e recebeu quatro jogos da Copa do Mundo de 2014.

Objetivo do Cuiabá é ter equipe forte para ficar na Série A

O Cuiabá é um dos times da elite do Brasileirão que mais investiu no mercado da bola este ano e a representatividade dos nomes mostra um pouco da ambição de formar um elenco de Série A.

Entre as principais novidades estão o goleiro Walter, de 91 jogos e sete temporadas no Corinthians, o lateral-esquerdo Uendel, ex-Corinthians e Internacional, o zagueiro Paulão, ex-Vasco e Fortaleza, o volante Camilo, emprestado pelo Lyon-FRA e os atacantes Jonathan Cafu e Clayson, cedidos até o fim da temporada por Corinthians e Bahia, respectivamente.

“Assim que confirmamos o acesso já começamos a nos preparar. É um grande desafio jogar a Série A e permanecer nela. O Cuiabá representa um estado e uma região do Brasil que vem crescendo muito nos últimos anos, principalmente por conta do agronegócio, e a gente quer representar essa região de maneira digna. Sabemos das nossas limitações, mas estamos trabalhando para estabelecer a nossa permanência na Série A”, diz o vice-presidente Cristiano Dresch.

Restava a definição sobre quem seria o treinador do time na missão Série A. Allan Aal, que dirigiu o acesso, saiu em fevereiro para o Guarani. Nomes como Tiago Nunes, sem clube, e Umberto Louzer, da Chapecoense, foram procurados, mas o clube anunciou nesta quinta-feira (1) a contratação de Alberto Valentim, ex-Botafogo. (Cuiabano News/Com informações do Uol)