Símbolo da Cuiabania, Dona Eulália vai ganhar memorial

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Espaço construído na residência da família, no Bairro da Lixeira, vai contar um pouco da história da quituteira

Há mais de 60 anos, os bolos de arroz e de queijo de Eulália da Silva, a Dona Eulália, de 87 anos, fazem parte do cotidiano dos cuiabanos, que fizeram do café da manhã em sua casa um dos pontos turísticos da cidade. Agora a residência terá um memorial, onde sua história ficará eternizada.

A ideia foi colocada em prática pelo fotógrafo Amaury Santos. A previsão é de que em duas semanas o local esteja pronto para a inauguração.

Construído em um dos cômodos da casa de Dona Eulália, o memorial ficará exposto aos turistas e visitantes que forem em busca do famoso chá com bolo.

No local, um livro, fotos e uma tela pintada pelo artista plástico Valques Pimenta serão alguns dos itens expostos. Todos contam, de alguma forma, um pouco da história da quituteira.

Neta primogênita de Dona Eulália, Regiane Soares de Moura conta que a avó ficou “super feliz” quando recebeu a notícia da homenagem. Para Dona Eulália, é um privilégio poder ser homenageada em vida.

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Memorial Dona Eulália

Espaço será permanente e poderá ser visitado pelos apaixonados pelo tradicional chá com bolo da Dona Eulália

“É muito importante. Ela ficou muito feliz quando soube. Gostou muito e falou que será uma lembrança para quando ela não ‘estiver mais aqui’. Tantas pessoas recebem homenagens depois que ‘já se foram’ e ela está acompanhando em vida”, diz.

Regiane explicou que a família demorou para entender a dimensão da importância de Dona Eulália para a cuiabania.

“Aqui em casa não temos noção mesmo [dessa importância], mas percebemos quando o pessoal chega aqui elogiando, conversando com ela… Mas, para gente, ela é só da família, só minha avó”, brinca.

Durante os primeiros meses de pandemia, no ano passado, o “Eulália e Família”, no Bairro Lixeira, precisou ficar fechado. Sem perspectiva de vacina, a família temia pela saúde da matriarca.

“Ela não entendeu muito bem, estava acostumada a ficar no salão, cumprimentar as pessoas, sentar para conversar ou ficar olhando o movimento. Quando voltamos a abrir na pandemia, ela teve que começar a ficar só no quarto. Teve até um pouco de depressão”, conta.

Agora que já recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, Regiane explicou que a avó está mais aliviada, mas ainda segue com os cuidados contra a doença. Por conta disso, ainda não é sempre que Dona Eulália pode ficar no salão como costumava fazer.

“Já recebeu as duas doses, está super-bem. Ela sempre foi acostumada a trabalhar muito, não gosta de ficar parada. Continua acordando 3h todos os dias para ajudar no preparo do chá com bolo”, disse a neta.

 

Centro Cultural Dona Eulália 

De acordo com Amaury Santos, o memorial, chamado Centro Cultural Dona Eulália, será uma exposição fixa. No cômodo, que foi completamente reformado para receber a exposição, um videoclipe produzido por Carlos Kavano também será uma das atrações.

No local, também será construído um altar. Religiosa, Dona Eulália deixará seus santos à mostra.

A ideia de criar o memorial surgiu após um projeto do fotógrafo, também em homenagem à Dona Eulália, ser aprovado no Edital Mestres da Cultura, da Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), subsidiado pela Lei Aldir Blanc. A iniciativa não incluía o memorial.

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Memorial Dona Eulália

Para o fotógrafo Amaury Santos: Dona Eulália é peça fundamental da cuiabania

O projeto engloba uma exposição fotográfica produzida por Amaury, uma música inédita composta por João Eloy, um livro digital escrito por Karina Arruda, a pintura sobre tela de Valques Pimenta e o vídeoclipe produzido por Carlos Kavano.

“Tudo referente ao projeto ficará exposto nesse memorial. Vamos imprimir uma edição do livro físico e deixar no local para as pessoas verem, assim como o quadro de Valques Pimenta e uma televisão que ficará passando tudo referente a vida dela”, contou.

Para Amaury, Dona Eulália é uma peça fundamental da cuiabania.

“Ela mantém viva essa tradição gastronômica do chá com bolo. Algo que ela trouxe da tia dela, que morava na comunidade Aricazinho e desde criança Dona Euláia a via fazendo o bolo de arroz. Quando mudou para Cuiabá, quis ajudar na renda da família, porque só o esposo trabalhava. Lembrou da receita da tia e começou a fazer”, recorda.

A inauguração, esperada para daqui duas semana, não poderá ser presencial por conta da pandemia. Contudo, o evento será transmitido pela internet e o memorial ficará aberto aos frequentadores do Eulália e Família.

Fonte: MidiaNews