O Governo de Mato Grosso conquistou uma nota A junto ao Tesouro Nacional. É o equivalente a ter o “nome limpo” e um bom score junto ao Serasa para conseguir a aprovação de financiamentos.
Nas palavras do governador Mauro Mendes (DEM), em anúncio transmitido pelas redes sociais na tarde desta segunda-feira (24), quer dizer que o Estado tem dinheiro para pagar suas dívidas.
Parece básico, mas a conquista foi tratada com ar de grandiosidade. Primeiro, porque só três Estados brasileiros têm essa nota. Segundo, porque Mendes assumiu o governo com uma nota C. Melhorar essa situação foi de uma de suas promessas de campanha e ela acabou sendo cumprida antes do previsto: o fim do mandato.
“Quando assumimos, só de restos a pagar o valor era maior do que o Governo de Mato Grosso tinha em caixa”, resumiu ele, em uma frase.
Veja vídeo
Mas o que muda afinal?
Durante o anúncio, Mauro Mendes falou muito em novos investimentos. A apresentação do governo cita 2,4 mil quilômetros de asfalto novo, seis hospitais, 35 novas escolas e 5 mil pontes de concreto.
Obras que, conforme Mendes, seriam impossíveis ou acabariam custando muito mais caro porque – com fama de mal pagador – o governo precisava aceitar juros altos e condições nada atrativas de financiamento.
Além disso, se antes empreendimentos assim eram feitos com 10% de recursos próprios e o restante de dinheiro emprestado, agora o Estado pretende conseguir bancar pelo menos metade sem ter que pedir verba extra a algum banco.
Economia em movimento
Outro motivo pelo qual a conquista é comemorada é a pandemia. Enquanto a maior parte dos Estados vive uma crise econômica causada pela necessidade de isolamento social, Mato Grosso andou na contramão.
E Mauro Mendes deu crédito à “teimosia” dos mato-grossenses em respeitar as medidas de prevenção à covid-19. Lembrou que, desde o início da pandemia, o Estado sempre esteve entre os que menos respeitaram o isolamento. “Opção da maioria das pessoas”, destacou, ressaltando que o governo até tentou ser contra, mas acabou derrotado.
Agora, com a possibilidade de mais investimentos – em especial em obras e compras públicas – a gestão Mauro Mendes espera ser a responsável pela criação de mais de 50 mil novos empregos até o fim do ano.
E que investimentos são esses?
Durante a entrevista coletiva – que foi realizada de forma remota, com os jornalistas enviando perguntas para serem lidas no local onde o anúncio ocorria: o Palácio Paiaguás – o governador deixou passar os questionamentos nesse sentido.
A reportagem do LIVRE, por exemplo, queria saber o que estava nos planos do governo que não poderia ser executado com a nota C e passou a ser possível com a nota A. Não foi respondida.
Outros jornalistas perguntaram sobre aplicação de recursos na compra de vacinas ou ações sociais, para ajudar a combater os efeitos da pandemia. Mauro Mendes citou diversas medidas adotadas pelo governo até agora e deu a entender que outras não estão nos planos.
E as perguntas sobre o pagamento de reposições salariais aos servidores públicos estaduais – que deixaram de ser quitadas na gestão anterior com o argumento, justamente, que faltavam condições econômicas para isso – sequer chegaram a ser feitas.
Fonte: Redação/O Livre