A vereadora democrata Michelly Alencar admitiu já ter sido alvo de preconceito na Câmara Municipal de Cuiabá. Contudo, a parlamentar não sabe dizer ao certo, se os ataques acontecem pelo fato dela ser mulher, ou por ser oposição à administração do prefeito emedebista, Emanuel Pinheiro, que tem a maioria dos parlamentares em sua base de apoio, na Casa de Leis.
A afirmação foi feita em entrevista ao site O Bom da Notícia, esta semana, quando a democrata ainda revelou que por várias vezes, alguns colegas de parlamento tentaram diminuir sua fala. Ou até mesmo lhe acuar, para não a deixar seguir adiante com algumas denúncias. Lembrando que sofrem estes mesmo ataques, sua colega de parlamento, a vereadora petista Edna Sampaio.
“Tanto eu, quanto a Edna, somos atuantes. Vamos contra aquela maré de todos pensarem igual. Nós dizemos não e ainda justificamos nosso voto. Nossas defesas são mais firmes, eu só não sei se é pelo fato de sermos mulheres ou por sermos da oposição, mas o preconceito existe de qualquer forma”, afirmou.
Vale lembrar que a parlamentar assumiu o seu primeiro mandato na Câmara de Cuiabá e atua na oposição à gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
A democrata, inclusive, citou o momento constrangedor, em que realizou alguns passos de funk, conhecido como “sarrada no ar”, durante sessão online na Câmara de Vereadores. As imagens, claro, se espalharam rapidamente nas redes socais.
De acordo com Michelly, a repercussão negativa se deu pelo fato dela ser mulher, uma vez que se o episódio acontecesse com um homem, o efeito seria positivo e viraria, inclusive, brincadeira na Casa de Leis.
“Isso também foi prova de preconceito porque se fosse homem, não tomaria a proporção que tomou com a tentativa gigantesca de desconstruir minha imagem. Muitos questionaram a minha religião e ideologia. O episódio foi uma tentativa de desconstrução de um papel que vem sido muito bem construído, firmado e embasado”, disse ainda parlamentar.
Projetos de lei em defesa das mulheres
Michelly ainda elencou – que tendo como uma de suas principais lutas, a defesa da mulher -, ela vem realizando diversos projetos sobre o tema. Um deles é o projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade de hotéis, pousadas e conjuntos habitacionais de Cuiabá de comunicarem à polícia, casos de violência doméstica ocorridos em suas dependências.
O projeto foi criado após um caso de violência doméstica em um resort de luxo na região do Manso, em Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá). Um vídeo gravado por uma hóspede flagrou uma jovem de 21 anos sendo agredida pelo companheiro, de 52 anos, que foi preso em flagrante dentro de uma das suítes do local. O vídeo feito pela hóspede contribuiu para denúncia e prisão do suspeito.
‘Existe aquele pensamento de que briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas isso não pode ser mais aceito em nossa sociedade. Precisamos trazer essa conscientização de que o primeiro passo para mudar essa condição é a denúncia e depois a rede de apoio para que essa mulher se sinta acolhida para denunciar e não se sentir sozinha”, disse Michelly.
Além disso, a vereadora diz que trabalha incansavelmente para fortalecer a rede de apoio econômica no município. Uma vez que no âmbito estadual já existe o programa ‘Ser Mulher’, que oferece cursos de qualificação, palestras educativas e atendimento psicossocial e jurídico para as mulheres.
“O Ser Mulher é um auxílio para que toda mulher vítima de violência tenha um benefício financeiro para ela conseguir sair do ciclo da violência e introduzi-la em um outro ambiente que não seja na dependência do companheiro. Estamos trabalhando para que esse benefício venha para o âmbito municipal”, finalizou.