Reportagem especial do programa dominical Fantástico, da Rede Globo, destacou a escalada da fome no país e deu grande destaque ao drama das famílias cuiabanas que sobrevivem graças à doação de ossinhos – sobras da desossa do boi que contêm retalhos de carne. O caso já foi noticiado por Olhar Direto nas últimas semanas (veja aqui).
A dona do açougue, Samara Rodrigues de Oliveira, contou à reportagem da Globo que existem casos de pessoas que comem a carne cura. “Tem gente que pega e come na hora”, relatou. A distribuição é feita há 10 anos, mas a procura aumentou muito durante a pandemia. O açougue precisou reorganizar a doação, que era uma vez por semana e passou a ser realizada às segundas, quartas e sextas-feiras.
O Fantástico ainda acompanhou famílias que dependem da doação. Uma das chefes de família que teve a rotina acompanhada não tem casa própria e vive em uma ocupação. “O ossinho que eu peguei na semana passada não dá para a semana inteira”, conta ela, na fila. A entrevistada alega que passaria fome se não tivesse a doação semanal.
Outras entrevistadas estavam na fila pela primeira vez. Eram duas vizinhas, mães solo e desempregadas, que só têm como renda o auxílio emergencial pago pelo Governo Federal. Os ossinhos são preparados em fogão à lenha, diante da dificuldade de aquisição de botijão de gás provocada pelos constantes aumentos do insumo. O drama de pessoas que se viram obrigadas a cozinhar em fogão improvisado tendo madeira como combustível também foi tema recente de reportagem do Olhar Direto (veja aqui).
Arroz e feijão mais caros
Além da proteína animal, famílias brasileiras estão com dificuldade de adquirir a mais bácica e tradicional combinação do prato da culinária do país: o arroz com feijão.
A saída para muita gente tem sido colocar na panela arroz fragmentado e feijão bandinha. Para especialistas ouvidos pela reportagem, essas pessoas não estão tendo a dignidade reconhecida.
Fonte: Olhar Direto