Esquema na Saúde: Vereador dá “batida” em empresa apontada como “fantasma”

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O vereador Dilemário Alencar (Podemos) vistoriou imóvel onde funcionaria a empresa Vip Serviços Médicos, investigada pela Polícia Federal na Operação Curare. A “batida” foi toda gravada em vídeo e divulgada nas redes sociais.

A operação foi deflagrada no dia 30 de julho para apurar suposto esquema de fraude e corrupção na Saúde de Cuiabá.

A Vip Serviços Médicos já recebeu R$ 10 milhões da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). As seis empresas suspeitas receberam R$ 45 milhões, inclusive verbas do Governo Bolsonaro destinadas ao combate à pandemia.

O imóvel fica localizado na Rua Cândido Mariano, em Cuiabá. Em documento encaminhado à Justiça, a PF apontou que o imóvel está desocupado há 3 anos e sequer tem ligação para fornecimento de água.

No vídeo, o vereador apontou que no endereço que consta como o da empresa há uma casa com fachada de azulejo azul e alguns vidros das janelas quebradas. Com os portões sem cadeados, e portas sem chave, o vereador chegou a entrar no imóvel e mostrou um cômodo com objetos jogados e uma geladeira.

“Isso aqui não tem nenhuma ‘pinta’ de empresa que fornece equipamentos hospitalares. Você percebe que não tem nada em relação a um empresa hospitalar”, afirmou o vereador no vídeo.

“Você bate aqui e nada. Veja só essa empresa recebeu, conforme denúncia da Polícia Federal, mais de R$ 10 milhões. E segundo a Polícia Federal é uma empresa fantasma, não funciona. […] É por isso que apresentamos a CPI do ‘quadrilhão’ da Saúde, para investigar essa ladroagem insistente lá na Secretaria de Saúde”, afirmou o vereador em vídeo.

Dilemário se refere à propositura da CPI da Saúde que quer investigar os serviços terceirizados nas unidades de saúde da administração direta e indireta da Capital.

Veja vídeo:

Douglas Castro: Vip Serviços Médicos

Agente da Polícia Federal também foram até o local para investigar a empresa. Lá, foram informados que um homem de naturalidade venezuelana afirmou que fica no local (casa de azuleijo azul) para vigiar os imóveis ao lado, que pertencem ao empresário Douglas Castro.

Ocorre que, ao policiais, o homem também informou que não mora no local pois não há, sequer, ligação de água.

A Vip Serviços Médicos e outras cinco empresas receberam R$ 45 milhões durante a gestão de Emanuel Pinheiro (MDB) em contratos emergenciais que estariam em desacordo com a Lei de Licitações.

A suspeita da PF é que até mesmo dinheiro destinado pelo Governo Federal para combate à Covid pode ter sido roubado.

“Assim, embora não tenham sido encontradas vínculos entre as demais empresas investigadas com a empresa Douglas Castro -ME, as diligências indicam fortes indícios de que a referida empresa é uma empresa fictícia”, consta em trecho do inquérito da PF.

Os envolvidos são suspeitos de crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, contratação ilegal, pagamento irregular e perturbação de processo licitatório.

O esquema 

Conforme a Polícia Federal, o esquema era formado por dois núcleos: empresarial e político-administrativo.

Além da Douglas Castro-ME (Vip Serviços Médicos) e Hipermed, fazem parte do núcleo empresarial, conforme a Polícia Federal, a Ultramed Serviços Médicos Hospitalares; a Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares; a Medserv Serviços Médicos e Hospitalares; e o Ibrasc – Instituto Brasileiro Santa Catarina.

Conforme a Polícia Federal, o grupo empresarial recebeu R$ 45 milhões da Prefeitura de Cuiabá, sendo R$ 11 milhões pagos à Hipermed; R$ 10 milhões a Douglas Castro-ME; R$ 16 milhões à Ultramed e R$ 8 milhões à Smallmed.

As investigações constataram que todas as empresas fazem parte do mesmo grupo empresarial – e atuavam no sentido de se “perpetuar” na prestação de serviços na área de saúde em Cuiabá.

Já  no núcleo político é formado, de acordo com a PF, pelos secretários municipais Célio Rodrigues da Silva [Saúde] e Alexandre Beloto [interino de Gestão], ambos afastados dos cargos pela Justiça Federal.

Também comporiam o grupo o ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Possas de Carvalho, o ex-diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Antonio Kato e os servidores Hellen Cristina da Silva, Felipe de Medeiros Costa Franco e Mhayanne Escobar Bueno Beltrão Cabral.

As investigações apontam que eles favoreceram o suposto esquema ao permitir que as empresas seguissem recebendo por meio de contratos emergenciais.

Fonte: Midianews