“Se acontecer alguma coisa estranha no seu bairro. Quem você vai chamar? Os Caça-Fantasmas”, já diz a música tema do famoso filme americano dos anos 90. Mas Cuiabá também tem uma dupla que vem ganhando fama por seus vídeos em locais “assombrados” da capital. Chamados de “Detetives Sobrenaturais”, eles já têm milhares de seguidores e histórias de sustos e livramentos na bagagem.
Para entender um pouco como funciona a dinâmica da caçada, a reportagem do Gazeta Digital acompanhou o casal Shuaila Cristiane de Souza, 35, e Anderson Rodrigo de Souza, 42, em uma das visitas noturna. A locação escolhida para o vídeo foi o “Túnel da Morte”, um antigo armazém subterrâneo, por onde passavam toneladas de grão, processados em uma indústria do Distrito Industrial.
Os detetives já estiveram anteriormente no local e encontraram uma energia muito forte de sofrimento. As histórias contadas dão conta de que houve muitos acidentes de trabalho ali, principalmente de trabalhadores soterrados. Vale destacar que mortes ocorrem em todo lugar, porém os “fantasmas” são falecimentos repentinos, almas que não seguiram para outro plano e continuam perambulando por aí, muitas vezes revoltadas com e sugando energia de outras pessoas.
O local é escuro e isolado. A vegetação alta denuncia o abandono de anos. O Gazeta Digital se encontra com o casal no que era pátio da fábrica. Antes de incursão em busca do sobrenatural, Shuaila dá as orientações: sem conversa e sem barulho para não interferir na captação de sons “suspeitos” que podem ser detectados pelos equipamentos. Um dia antes, era preciso manter dieta sem carne vermelha e bebida alcoólica.
Para a filmagem e captação das energias do local, os caçados usam uma câmera filmadora, luz de laser, um medidor energético que mostra oscilação quando a energia do local muda. Tudo é filmado e fotografado. Uma vela comum e fósforos também são levados para uma tentativa de comunicação com seres de outro plano. Um aplicativo capta estações de rádio e identifica quando saem palavras em numa frequência diferente, com vozes e palavras identificáveis. Quando não há nada anormal, ele passa de uma estação para outra sem parar.
Antes de entrar no túnel, é feita uma oração pedindo proteção. A mulher informa que mal estar como dor de cabeça e vômito podem acontecer por conta na baixa vibração do local.
A entrada do túnel tem uma escada íngreme, com degraus curtos. O teto é baixo e o corredor estreito. O que pode ser um pouco claustrofóbico. Teias de aranha e vegetação seca estão por todo lado. “Vamos devagar, sem fazer barulho, até o fim do túnel, depois a gente volta”, orienta Shuaila.
O equipamento com luzes de laser fica na entrada no túnel para captar qualquer movimentação suspeita. O local é abafado e há pouca corrente de ar.
No decorrer da ida e da volta, o medidor de energia se altera uma vez. “Ele só muda quando chega muito perto. Mas eu sinto uma energia muito pesada aqui. Nem sempre ele muda e também não é toda vez que vemos alguma coisa. Já viemos aqui, oramos, acredito que muitos já foram embora”, afirma a sensitiva.
Além do sentimento da presença espiritual a caçadora tenta comunicação com uso da vela. Ela pede que e entidade que está no local se manifeste soprando a chama. A comunicação ocorre e a vela por várias vezes quase se apaga e volta a acender. Isso ocorre por vários minutos. No fundo do túnel, não há ventilação para apagar o fogo. Sussurros são ouvidos no local, alguns decifráveis e outros não.
A equipe do Gazeta Digital permanece por mais de uma hora dentro do túnel, até que uma voz feminina, quase um sussurro, aparece no equipamento de som e diz nitidamente “vá embora”. Nesse momento, Shuaila de despede respeitosamente e todos deixam o local.
Canal Detetives Sobrenaturais – Caçadores de Fantasmas
A ideia do canal no youtube teve inspiração em outros canais. Em pesquisa sobre sensitividade e locais mal assombrados, Anderson Rodrigo se deparou com várias pessoas que faziam esse trabalho de visitar locais em busca do sobrenatural e publicar na rede social. Diante do dom de ambos e na curiosidade, o casal decidiu também aplicar os conhecimentos e visitar locais em Cuiabá que poderiam ter energias fantasmagóricas.
O canal já tem um ano e visitou lugares conhecidos de Cuiabá como o cemitério da Piedade, Túnel da Morte ( no Distrito Industrial), antigo manicômio de Cuiabá na BR 364 e vários outros espaços carregados de energias de almas que não teriam encontrado o seu caminho.
O casal conta que tem uma grande vontade de visitar e fazer vídeo na casa onde morou a professora Ana Maria do Couto. O casarão dos Bandeirantes tem fama de mal assombrado. Outro objetivo é visitar fazenda na região do Manso, que era mantida por escravos e carrega forte energia de sofrimento.
Ajuda à comunidade
Além de procurarem as assombrações pela cidade, o casal também visita casas de pessoas que sentem que precisam de uma limpeza no espaço para se sentirem melhor. Fazem orações a quem pede e também mantém canal com vídeos voltados para a espiritualidade.
Sensitivos também ajudam pessoas que sofrem com energias negativas
“Um dos casos que atendemos era de uma casa no bairro Nova Esperança, onde um senhora morava sozinha porque ninguém mais queria ficar ali. Ela estava muito abalada e dizia que via uma criança. Depois soubemos que um menino havia morrido ao cair de um dos pés de manga no quintal. Havia realmente uma energia muito forte na mangueira em frente a residência. Oramos, pedimos que ele seguisse seu caminho. Não tem mais nada lá, mas a mulher já idosa resolvei ir morar com um dos filhos”, relata.
Esse foi um episódio de ajuda em que havia algo realmente perturbador no local, mas os caçadores já receberam trote. Era um adolescente que relatava visões e acontecimento, mas tudo era muito exagerado e despertou a desconfiança do casal. Depois o menor admitiu que era mentira, a história era só para chamar atenção dos pais.
Herança familiar
Shuaila conta que vem de uma família muito sensitiva e que desde pequena era muito sensível às energias das pessoas e locais, mas não entendia o que eram aquelas sensações.
Já adulta, passou a pesquisar mais sobre o assunto e trabalhar essa sensibilidade.
“Desde os 7 anos de idade venho convivendo com isso. Tive uma adolescência conturbada, não sabia identificar e entender o que acontecia comigo. Depois que eu fui entender o que era. Minha sensibilidade é muito do sentir. Sinto muito energia de morte, como a pessoa morreu, aquele sofrimento, almas mais revoltadas é com mais força. Ver é bem pouco”, conta.
Ela relata que a sensitividade precisa ser trabalhada. Quando mais a pessoa entende, mais o dom se aflora e também menos ela sofre. “São energias que te rodeio, de depressão e tristeza que você acha que esse sentimento é seu e não é. O canal tem ajuda muito também nessa parte. Hoje fazemos uma oração de cura e liberação que não fazíamos antes”, explica.
O marido Anderson Rodrigo também tem a sensibilidade para clarividência mais aflorada e trabalha a habilidade com estudo e a experiência.
Proteja-se
Shaila explica que a casa dá sinais de que a energia não está boa. Muitas brigas, desentendimentos, coisas que se quebram demonstram que há desequilíbrio no local. O casal se diz católico e recomenda que a melhor proteção é a oração.
Mas se estiver muito difícil e o morador achar que há almas com energias de revolta e sofrimento no local, que está prejudicando quem reside ali, pode chamar os Detetives Sobrenaturais que eles fazem limpeza no espaço. Não é um serviço que eles prestam, mas é uma ajuda que não negam a quem precisa.
Agosto assombrado
Apesar da má fama do mês de agosto, a sensitiva afirma que não percebe maior “demanda” de trabalhos no período. Não há qualquer influência sobre fenômenos sobrenaturais. Porém, a pandemia sim tem influenciado na energia de todos os lugares. São mortes repentinas que as almas ainda não assimilaram.
Visite o canal dos Detetives Sobrenaturais
Fonte: Gazeta Digital