Pausa nas exportações de carne será curta e não deve reduzir preços no mercado

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As exportações de carne bovina do Brasil para a China devem retornar em menos de 14 dias. A previsão é da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), ao destacar fortalecimento dos diálogos entre os dois países depois do registro de casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em 2019. Apesar da expectativa de retomada das atividades junto ao mercado asiático, há rumores de que outro país importador suspenderá a entrada de carne bovina brasileira em seu país.

“Acreditamos que isso [retomada das exportações] aconteça mais rápido do que da última vez, em 2019, quando esse tramite demorou 14 dias”, aposta Francisco Manzi, diretor técnico da Acrimat.

A confirmação de dois casos de EEB, mais conhecido como o mal da vaca louca, tumultuou o mercado de bovinos no Brasil. O anúncio ocorreu no dia 4 deste mês, depois que exames laboratoriais constataram que dois animais já abatidos – um em Nova Canaã do Norte (MT) e outro em Belo Horizonte (MG) – desenvolveram a forma atípica da doença.

Por cumprimento de regras comerciais e transparência, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu os envios da proteína para um dos principais clientes do país, a China.

“A ministra Tereza Cristina (MAPA) divulgou resultado das análises dos dois animais suspeitos de EEB atípica, que ocorre somente em animais velhos, o que era de se esperar em função de rebanho de mais de 200 mil cabeças que o Brasil possui”, destaca Francisco. “Agora, cabe aos países importadores a análise das documentações e exames para que as nossas exportações voltem ao normal”, completou.

A ação rápida de suspensão para manter a transparência, principalmente com a China, é estratégica para o Brasil. As exportações de carne bovina para o país asiático já representam 59% dos embarques nacionais entre janeiro e agosto de 2021.

Além da China, há especulação de que a Rússia também deverá suspender as importações de carne bovina que tenha origem nos dois estados brasileiros. Contudo, a informação não foi confirmada por entidades ligadas ao setor nem pelo Mapa.

A EEB é uma doença degenerativa que acomete o sistema nervoso central do animal, causada pelo desenvolvimento anormal de uma proteína chamada ‘príon’. A enfermidade pode ser apresentada em duas formas: típica e atípica. Os casos atípicos, identificados em Mato Grosso e Minas Gerais, ocorrem em animais velhos, propensos à ocorrência da mutação da proteína. Já a ocorrência na forma típica acontece depois da ingestão de alimentos de origem animal contaminados. Este tipo nunca registrado no país.

Os casos registrados no país são o quarto e quinto na forma atípica. Outros registros ocorreram no Paraná, em 2010, e em Mato Grosso nos anos de 2014 e 2019.

“Em 2019 isso ocorreu no final de maio e os embarques foram novamente liberados em menos de duas semanas. Naquela época, o mercado do boi gordo cedeu 3,6%. No entanto, ainda em junho, o patamar de preços já superava a cotação anterior ao caso”, recorda Hyberville Neto, médico veterinário na Scot Consultoria.

O especialista também avalia que o Brasil deve voltar rapidamente ao ritmo das exportações, já que o país enviou 110 mil toneladas de carne bovina in natura para a China só em agosto deste ano.

Fonte: Estadão de MT