Aplicativos já transportam o triplo dos passageiros de táxis

Fonte:

Aplicativos como Uber, 99 e Cabify já transportam quase 750 mil passageiros por dia no Rio contra pouco mais de 233 mil dos táxis. Uma das explicações para essa diferença está no bolso do usuário: em muitos casos, já é mais barato se deslocar fazendo uso desses serviços prestados por veículos particulares do que pelo transporte público, seja por ônibus (R$ 4,05), trens ou metrô (ambos a R$ 4,60). As conclusões são de um estudo do Núcleo de Pesquisas em Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ.

Segundo projeções do professor Marcelino Araújo Veira da Silva, que coordenou o levantamento, 25% dos usuários dos aplicativos antes se deslocavam de transporte público, e 75% usavam o próprio carro ou táxi. Pelas ruas, não é difícil encontrar exemplos. A estudante de Letras e autônoma Priscila de Paula, de 38 anos, quase todos os dias usa o celular para chamar seu transporte. Moradora da Cidade Nova, ela frequenta um centro religioso na Saúde. De transporte público, precisaria pegar um ônibus e o VLT. Mas para evitar baldeação, sempre opta por um carro particular.

O estudo da Coppe se baseou em entrevistas feitas com taxistas e motoristas de aplicativos, que informaram, por exemplo, a média de horas que trabalham por dia, bem como o faturamento e a quantidade de corridas realizadas. Como não conseguiu acesso a todos os números das empresas e não há estudos atualizados sobre origem e destino dos deslocamentos feitos no Rio que levem em conta os aplicativos, o pesquisador usou dados alternativos para fazer projeções. O total de usuários tomou como base levantamento feito na Região Metropolitana de São Paulo em 2017, onde são feitas 3,21 viagens de aplicativo a cada deslocamento de táxi. Para o cálculo de passageiros, foi atribuída uma relação de 1,2 passageiro por veículo, que o professor considerou até conservadora.

Com base na arrecadação das taxas cobradas do Uber pela prefeitura, a Coppe estimou que apenas essa empresa faria 400 mil viagens por dia. Os demais aplicativos responderiam por outras 224,4 mil. O Táxi-Rio, aplicativo da prefeitura exclusivo para os “amarelinhos’’, foi analisado numa categoria à parte. O estudo concluiu que esse recurso ainda tem uma adesão reduzida entre os taxistas, com apenas 8,29% do total das corridas. O estudo foi encomendado pela Comissão de Transportes da Câmara de Vereadores do Rio, que faz nesta quinta-feira uma audiência pública para apresentar os dados.

Fonte: Folhamax