Declarações em post no Instagram, de que não teria sido vítima de agressão, depois que teria sido forçada a fazer um vídeo sobre suposto espancamento e B.Os controversos vem marcando o caso da advogada Viviane Cristina Kawamoto, de 36 anos, em Mato Grosso.
O caso, claro, acabou rendendo matérias, artigos, notas de movimentos feministas, sobretudo, debates acalorados nas redes sociais e pelo aplicativo Whatsapp, em particular, em Grupos que realizam o enfrentamento à violência doméstica. Quando nada, mostrando o processo midiático que ganha mulheres que vivem no pico da pirâmide social, contra aquelas outras centenas de mulheres, alvos de contínuas agressões de seus companheiros que têm em mãos, no máximo, uma ocorrência policial e precisam conviver com as sequelas destes relacionamentos. Algumas delas, felizmente, atendidas por ONGs e instituições de acolhimento.
Ainda que o episódio da advogada, casada com o vice-governador, Otaviano Pivetta(sem partido), prometa novas discussões o caso, contudo, ganhou um revés nesta quinta-feira(05), após vir à tona, nova declaração da advogada.
Desta vez lavrada no Cartório do 2º Ofício, em Santo Antônio de Leverger(distante 36,5 km de Cuiabá), de que teria ocorrido uma discussão e que ambos[ela e o marido] acabaram se exasperando, mas que não teria ocorrido nenhuma agressão.
Desvelando uma nova face do episódio, pois desta vez a advogada acabou realizando uma retratação pública, e registrando-a em cartório, onde afirma, inclusive, seu ‘desinteresse’ em dar prosseguimento a qualquer ação criminal contra o vice-governador’.
Na declaração – registrada na última sexta-feira (30) -, Viviane admite que estaria sob efeitos de um remédio para dormir e que ainda teria tomado várias taças de vinho, assim, teria sido alvo de uma espécie de “distúrbio psiquiátrico”, por isso teria procurado a Polícia de Itapema, em Santa Catarina, no dia 07 de julho.(Veja o registro na íntegra).
Assim, constam no registro, que ela[Viviane], teria ingerido um medicamento[Stilnox] e misturado o remédio com várias taças de vinho, o que causaram reações adversas. Resultando em ‘distúrbios psiquiátricos’, e levando-a procurar a Polícia Militar daquele Estado.
“Todavia, fomos obrigados a nos deslocar até a delegacia por ordem hierárquica superior da Polícia Militar de Santa Catarina. Motivo que ensejou a instauração do inquérito policial em Itapema, Santa Catarina. Depois do susto e após muita conversa e reflexão, declaro que estamos vivendo bem e harmoniosamente sob o mesmo teto. Não tendo o fatídico ocorrido, passado de um capítulo infeliz, no belo livro que estamos escrevendo em nossas vidas […] Faço essa retratação pública para que esclarecido fique todo o ocorrido, especialmente, após divulgação na mídia local. Afirmando aqui meu desinteresse de prosseguimento de total e qualquer ação criminal em face do meu esposo”, diz trecho da declaração de Viviane, no cartório.
Esta última declaração – que não se sabe se será um novo episódio ou o fim do caso -, mostram as várias versões de uma mesma situação revelada por Viviane, desde que veio à tona a suposta agressão.
Alguns veículos que suitaram o caso, tomaram o cuidado, obviamente, de sustentarem seus materiais jornalísticos sobre Boletim de Ocorrência e laudo do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, que confirmaram as agressões de Viviane, ao apontar escoriações no seu corpo[inchaço na região da cabeça, dos lábios, nos braços e também na parte de trás da coxa].
Sem, à princípio, colocarem as lesões, igualmente, registradas pelo Corpo Delito do vice-governador, que tinha ferimentos no pescoço, no tórax, na mão esquerda e uma lesão em seu testículo direito.
Na época do episódio, ambos foram parar na delegacia, mesmo que Viviane tenha recuado da denúncia, naquele mesmo dia, e alegado que não ‘teria ocorrido a agressão e que a discussão do casal foi resultado da interferência de terceiros na relação conjugal’. Ainda, assim, Pivetta foi detido pelo crime de lesão corporal e precisou pagar uma fiança de R$ 6,6 mil para ser solto. E um inquérito aberto e encaminhado para a 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itapema.
Outro lado
Otaviano Pivetta, vice-governador de Mato Grosso, por meio de sua defesa, alegou que o casal estava estaria em processo de separação desde o mês de junho e que já teria saído de casa no dia 30 junho, após pedido de separação, por conta dos desentendimentos entre eles estarem se avolumando.
Revelando ainda – que neste período -, Viviane o procurou em diversas ocasiões, inclusive, no apartamento de Itapema, em Santa Catarina, onde Viviane teria aparecido de surpresa. Pivetta chegou a informar que teria seguido para o Sul do país, uma semana antes da advogada. Ao ressaltar que jamais a agrediu e que, aliás, repudiava toda e qualquer agressão contra a mulher. “Jamais agredi qualquer pessoa e repudio toda violência contra mulher. Sou vítima e apenas busco me defender. Sou pai de duas mulheres e avô de uma menina. Fico profundamente triste com o caminho tomado pela Viviane. […] Para preservar a família, inclusive as filhas e o filho dela, por quem tenho um grande amor, estava tentando manter discrição. Mas a separação se tornou inevitável”.
Debates acalorados e cobranças públicas
O caso que chegou a virar notícia nacional também resultou em uma série de cobranças para que vereadoras, como Maysa Leão(Cidadania), a deputada Janaina Riva(MDB) e mesmo a primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes se posicionassem sobre o caso.
No Grupo Até Quando?, a parlamentar emedebista chegou a confidenciar que não faria uma defesa seletiva, por ser amiga de ambos mas que, igualmente, não acreditava em defesas segregacionistas. E que, assim, só tomaria uma posição quando todo o episódio estivesse elucidado pela Justiça.
Mas parabenizando a postura de várias mulheres – advogadas, vereadoras, deputada, jornalistas, publicitárias, procuradora entre outras – que não se furtaram em se posicionar sobre o tema, no grupo. E ainda a inequívoca precisão do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso[CEDM/MT] que lamentou, por meio de nota, a notícia. Ainda apontando não só o caso do vice-governador mas, também, de outro agente público, Justino Astrevo Aguiar, secretário adjunto de Cultura, Esporte e Lazer, de Cuiabá. Ambos, supostamente, envolvidos em denúncias de violência doméstica e familiar. Ao esclarecer que a violência é uma prática extremamente grave e condenável que destrói vidas e famílias, seja ela praticada por um cidadão comum, ou por um agente público.
“É um crime que deve ser investigado e punido nos termos da lei em qualquer caso. É inadmissível, considerando os profundos abalos não apenas físicos, mas psicológicos e emocionais que provoca nas vítimas. E ainda mais, porque pode redundar em feminicídio”.
Fonte: O Bom da Notícia