“Às vezes acho que enterraram ou jogaram no rio”, diz esposa

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Desde 29 de janeiro, Sidneia de Oliveira luta para conseguir informações sobre o paradeiro do marido. O servente de pedreiro Rubson Farias dos Santos, de 28 anos, desapareceu após ser levado por policiais militares.

Ao MidiaNews, Sidneia contou que testemunhas, inclusive familiares de Rubson, ouviram os gritos do marido, que teria sido espancado pelos PMs, e viram quando ele foi “jogado” em uma viatura.

Depois disso, Rubson nunca mais foi visto. Sidneia já fez manifestações e vai constantemente à delegacia em busca de notícias. De acordo com ela, a resposta dos militares é que o processo corre em segredo de Justiça.

Com o passar dos dias, ela tem começado a perder as esperanças de encontrar o servente de pedreiro com vida.

Com dificuldades para dormir e se alimentar, Sidneia não foi a única a ser afetada pela ausência de notícias sobre Rubson. O irmão dele, com quem o trabalhador tinha uma relação muito próxima, está com o psicológico extremamente abalado, de acordo com a mulher.

“Às vezes tenho esperança de que ele esteja vivo, as vezes já não tenho mais, porque se estivesse vivo já teria aparecido, teria me procurado. Às vezes acho que jogaram ele em algum lugar, enterraram ou jogaram no rio. Nós já saímos para procurar o corpo e não encontramos. Só fico pensando onde e como ele está, mas ninguém me fala nada”.

Noite do desaparecimento 

Segundo Sidneia, a casa foi invadida pelos policiais militares por volta de 23h. Como ela estava ajudando no estabelecimento de um conhecido, acabou não presenciando a situação. Mas o filho dela, de 13 anos, estava na residência na hora do fato.

Ele teria se trancado no banheiro e, quando saiu, os PMs perguntaram qual a idade e se ele era da família de Rubson.

“Mandaram ele [o adolescente] sair da casa. Os parentes escutaram ele gritar, pedir socorro, mas não deixaram ninguém entrar. Meu filho viu baterem nele [no marido]. Até que apagaram todas as luzes para ninguém ver eles tirando o corpo da casa. O que as pessoas dizem é que já tiraram ele morto, jogaram no carro e saíram disparados. Ninguém sabe para onde foi e os policiais não fizeram boletim de ocorrência. Nada”.

No dia anterior ao desaparecimento, Sidneia contou que ela e o marido foram parados por policiais da Força Tática. De acordo com ela, Rubson havia comprado um carro e os militares constararam que o veículo era roubado.

Ela não acredita que a situação do carro tenha motivado a agressão dos policiais naquela noite. Conforme ela, Rubson tem uma passagem criminal registrada em 2012.

Ele foi liberado após pagamento de fiança e o veículo foi apreendido.

“Eles têm que me dar uma resposta. Talvez até podíamos ter achado ele vivo, mas ficaram enrolando com a investigação. Não entendo. Só quero saber o que aconteceu com ele”.

Por meio de nota a Polícia Militar informou que o comandante do 6º Comando Regional da PM em Cáceres, coronel Cesar Augusto Camargo Roveri, instaurou inquérito policial militar e ouviu o depoimento de Sidneia.

A viatura que estava sendo usada na noite do desaparecimento foi lacrada para perícia e o trajeto do veículo está sendo investigado.

Os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados das atividades operacionais e ocupam funções administrativas até que o processo investigatório seja concluído.

A PM ainda ressaltou que todas as medidas adotadas são de conhecimento do comandante geral da PM e acompanhadas pela Corregedoria Geral da PM.

Fonte: MidiaNews