Catedral Bom Jesus: um marco na história de Cuiabá

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Mirando no futuro, a Cuiabá dos 300 anos caminha rumo à transformação sem esquecer o passado que a fez ser nacionalmente conhecida como uma terra calorosa. Lembranças que mantém firmes nossas raízes, nos transportam no tempo e revivem momentos marcantes em cenários que delineiam o atual perfil da cidade. Para iniciarmos essa viagem, vamos desvendar as linhas que desenham a suntuosa Catedral Basílica Bom Jesus, uma das mais imponentes e tradicionais igrejas da cidade.

Em meio ao barulho dos carros e dos passos apressados dos que ali circulam, surge sua forma. A opulência da arquitetura resguarda obras de arte em um reduto para o descanso, encontro, amor, devoção e oração. Erguida em paralelo à Avenida Getúlio Vargas, no coração da cidade, a edificação foi se transformando junto com Cuiabá. Datada entre 1722/23, a primeira estrutura surgiu nas proximidades de um córrego, feita de pau-a-pique e dedicada ao Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

A partir daí, a Igreja foi ganhando novas formas. Foi reconstruída em Taipa em 1769, se tornando prelazia em 45 e sendo elevada à diocese de Cuiabá em 1826. E então, em 1868 passou por uma reforma, alterando sua torre e fachada, que foram modicadas também na Década de 1920, no mesmo período em que a segunda torre foi erguida. Assim, em abril de 1910 a diocese passa a ser arquidiocese.

Em meio a tantas mudanças da colônia, a vila vai se modernizando e, com isso, os representantes dos poderes da época, entenderam que a Igreja tinha que acompanhar esse crescimento. Foi então, que o episcopado de Dom Orlando Chaves apresentou a decisão de demolir a estrutura e em seu lugar, erguer uma maior e mais moderna Catedral. Dessa forma, em 1968, a charmosa estrutura vem abaixo e nasce uma a imponente Basílica.

A construção, em estilo Bizantino é datada de 24 de maio de 1973 e chama atenção por suas dimensões. São quase 40 metros em seu ponto mais alto e cerca de 100 metros de comprimento. Todo esse espaço abriga marcas de outrora que se difundem com a modernidade da atualidade. A Matriz, projetada pelo arquiteto Benedito Calixto, segue o estilo das grandes catedrais do mundo.

Ali, entre vasta riqueza de detalhes, o visitante observa cores fortes que contrastam com as sóbrias. Isso já pode ser sentido por quem trafega ao seu arredor. As paredes remetem a arquitetura antiga, com revestimento de pó de mármore, que garante uma sensação de estarmos nos séculos passados. Outros pontos que permitem essa sensação são os dois relógios instalados em suas torres, doados à Catedral pela Colônia Libanesa no Brasil.

O badalar dos sinos, que soam assim que chegam os porteiros, avisa o horário das missas, celebradas sob múltiplos vitrais, que favorecem a temperatura e luminosidade no interior do templo. Assim, quem o visita em um dia de sol forte, verá que a luz, projetada sobre os espaço revela as cores de um arco-íris, dando à Nave, maior beleza e mistério.

Já na entrada, logo no pórtico, aço e vidro de formatos diversos dividem espaço com molduras e símbolos católicos, como a cruz e o peixe, que se unem, formando o designe de três grandes portas. Ao passar por elas o fiel se depara com peças do artista polonês Arystarch Kaszkurewicz, que veio para o Brasil fugindo da 2º Guerra Mundial.

Pelo salão chama a atenção o grande mosaico de Cristo Rei. São 20 metros de pequenas pedras, que compõesum enredo, em imagens, com o rosto de Jesus, da Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho, Seminário da Conceição e a imagem da própria Catedral. Além dessas esculturas, o quadro em pedra desenha os quadros evangelhos por meio de figuras de animais. Os lustres, cruzes e vários detalhes de dentro da Via-sacra também pertencem as pinceladas de Kaszkurewicz.

Outra curiosidade da Catedral é a Cripta, que fica em seu subsolo e guarda os restos mortais de grandes nomes da história local, como Paschoal Moreira Cabral, Miguel Sutil de Oliveira e Rubens de Mendonça. Autoridades Eclesiásticas – bispos e arcebispos também descansam ali.  Dom José Antônio dos Reis, que fundou o Seminário da Conceição, Dom Orlando Chaves, responsável pela construção da Catedral atual e Dom Francisco de Aquino Correa são alguns exemplos.

Olhando para o teto, os cerca de 800 visitantes que passam por ali diariamente podem admirar oitos lustres dourados, pendurados a 25 metros de altura. São fiéis, turistas e curiosos, que testemunham o casamento de todos estes elementos. Dispostos século após século, eles compões a Catedral, que se tornou um dos berços da ‘’cuiabania’ e, hoje, carrega as marcas de uma linha do tempo de 300 anos, que conta a história do munícipio mais quente e do povo mais caloroso do Brasil.

Fonte: Da Redação