Chef cuiabano apresenta ingredientes de MT em competição

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No time de Kátia Barbosa, Marcelo Cotrim, de 35 anos, é de Cuiabá e em seu ‘Prato de Entrada’ apresentou uma receita que incluía todos os biomas do local que representa. Com forte apelo na culinária regional, o Chef, antes de trabalhar com gastronomia já teve uma agência de turismo e sonha viajar pelo Brasil para conhecer in loco a cultura e a culinária do país.

Como você descobriu o amor pela gastronomia e com quantos anos você começou a cozinhar?

O amor pela gastronomia realmente começou acompanhando meus pais, em viagens. Meu pai sempre foi muito ligado a essa questão de comer bem, sempre querer ir a um lugar e comer, e como é legal conhecer a cultura de um local pela comida. Então, sempre fui influenciado por esse lado. E também reuniões familiares, quando ia para a fazenda via meus avós cozinhando. Era bem bacana porque sempre despertava a questão de cheiro, sabor, tempero. Então isso já aguçou um pouco com relação à gastronomia, mas nunca pensando efetivamente trabalhar com isso.

Profissionalmente, aconteceu após eu já ter algumas outras experiências com publicidade. Também fiz sistema de informação e aí, no hobby, sempre era fazer um churrasquinho, alguma coisa assim. Até que minha noiva falou: “Por que você não faz gastronomia?”. Ela viu que realmente eu não estava me sentindo completo e estava gostando muito de gastronomia. Estava deixando de sair para querer cozinhar, e ela falou: “Por que você não vai fazer?”. Acabei entrando na faculdade e me apaixonei no primeiro momento. Comecei a fazer a faculdade, logo terminei e já fiz uma pós-graduação em chef de Cozinha Brasileira, e aí a paixão aflorou mesmo.

Mas você chegou a trabalhar como publicitário ou com sistema de informação?

Não. Eu tive um lava a jato primeiro, um estacionamento lava a jato. Depois disso, abri uma agência de turismo. Então a parte de publicidade eu usava para divulgar o lava a jato, divulgar o estacionamento, mas nada emprego fixo em alguma agência, não. Eu utilizava para tentar divulgar as coisas que eu tentava empreender.

Para você, tem algum utensílio que é indispensável na hora de preparar os seus pratos?

Utensílio, na verdade, a gente tem que ter realmente uma boa panela, uma boa frigideira, uma coisa que a gente consiga fazer algum tipo de preparação, mas eu acho que o ingrediente principal mesmo é o amor pelo que faz. É estar ali e tentar se entregar 110% ao que você está realmente se propondo a fazer. Então o ingrediente principal, o utensílio que move a vida de um cozinheiro é o amor pelo que faz. É realmente uma profissão de devoção e que, se a gente não fizer por amor, a gente não consegue suportar.

Qual a comida mais exótica que você já experimentou?

Não é tão exótico assim… isso talvez seja exótico para algumas pessoas, mas para a gente é praticamente natural. É a carne de jacaré, que tem bastante no Pantanal, e carne de caça, que a gente geralmente utiliza: javali e tudo mais. Mas, exótico assim ao extremo, nada que eu me lembre.

Caso você vença o Mestre do Sabor, você já tem alguma ideia do que fazer com o prêmio?

Na verdade, o prêmio seria mais para finalizar, terminar de construir a minha casa, que vai ser um espaço para atender também alguns clientes lá. O local já é a minha cozinha, a gente está fazendo uma parte separada, que seria para atendimento. Então, o prêmio saindo, a gente vai dar continuidade nisso daí: finalizar a casa e esse espaço para atender os clientes.

Você tem alguma viagem dos sonhos?

Meu sonho é poder rodar o máximo que eu puder de cantos do Brasil, principalmente conhecendo a gastronomia. Conhecemos um pouco da gastronomia brasileira através de literatura e de pesquisa que a gente faz, mas nada como a gente estar in loco, vivenciando realmente aquela realidade.

Samuel Kobayashi/Gshow

marcelo cotrim pintado

Pintado Grelhado com Mousseline de Mandioquinha e Pequi e Farofa de Pixé com Escamas

Dos lugares que você conhece, já viajou, teve algum que te marcou, foi mais especial para você?

Uma viagem que eu fiz para a Espanha e Portugal – França também –, esses lugares são bem bacanas de ver o culto ao ingrediente, o quanto eles admiram e valorizam o ingrediente pelo ingrediente. Na questão de emoção, realmente foi isso, foi ver o quanto representa para eles tratar bem o alimento.

Abriu um pouco os meus olhos quando eu tive essas experiências e tentei trazer isso ao máximo e tentar olhar ao meu redor também, tentar cozinhar com o que eu tenho ao meu redor, que é valorizando o pequeno produtor e tudo mais. O maior legado dessas viagens que eu fiz foi isso: mudar um pouco talvez o meu conceito e abrir um pouco o meu olhar com relação ao que está mais próximo da gente, para tentar valorizar realmente a nossa cultura.

Na gastronomia, você tem algum ídolo, alguém que te inspira?

Na verdade, eu tenho algumas pessoas que eu tenho como referência. Bem no início, quando comecei a trabalhar com cozinha, fiquei muito encantado com o trabalho feito pelo Alex Atala, de valorização, de pesquisa dos ingredientes brasileiros. Eu tentei pautar muito o meu trabalho em cima dessa vertente, trazendo o que ele fez para a gastronomia do Brasil.

Eu queria tomar esse papel e fazer pela gastronomia de Mato Grosso. Então, foi uma pessoa que eu tive e tenho como referência, que norteou esse início, mas aí a gente vai se encantando com outros chefs, como Rodrigo Oliveira, do Mocotó, que é um chef incrível hoje. Jefferson Rueda, Claude e Emmanuel Bassoleil, que a gente não pode esquecer que foram os que deram a “chacoalhada” na gastronomia brasileira. Foram os caras que apresentaram a gastronomia brasileira para o Brasil. Foram atrás dos ingredientes brasileiros, foram atrás dessa valorização.

Você acha que tem algo que marca, tem alguma característica mais forte da culinária do Mato Grosso?

Você fala para as pessoas irem a Mato Grosso, a primeira indicação é ir a uma peixaria, porque a gente tem uma abundância de peixe por conta do Pantanal, mas só que o nosso trabalho é tentar fazer uma coisa um pouco diferente.

Claro, tentei entrar aqui no programa com um peixe, mas a gente tenta fazer isso, com que as pessoas conheçam além dos peixes de Mato Grosso. Os nossos cozidos, toda a nossa herança cultural, toda a tradição de Mato Grosso é muito arraigada com relação aos cozidos. Carnes com bananas, com legumes, que são coisas bem características. Nossa farofa de banana também, que é diferente de todos os lugares que a gente tem andado aqui pelo Brasil

Os cozidos, temos muitos doces também. A questão do doce de avó, que a gente fala, que são os doces mais antigos. Acho que são características marcantes.

Fonte: Midianews