A pedido do Ministério da Saúde, o Conselho Federal de Medicina está fazendo estudos sobre o uso da cloroquina no tratamento de pacientes com a Covid-19 (o novo coronavírus). Os primeiros resultados são aguardados já a partir do próximo dia 20. Enquanto isso, ainda há muita controvérsia em relação ao assunto.
Em Cuiabá, alguns pacientes que foram diagnosticados com a doença já fizeram o uso do medicamento e não tiveram qualquer tipo de efeito colateral, conforme revela a médica infectologista Zamara Brandão Ribeiro.
Em conversa com o MidiaNews, a médica – que está à frente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rosa, na Capital – falou da experiência com o uso da cloroquina em pacientes que precisam ser hospitalizados na unidade.
Até o início da semana o hospital tinha 24 pacientes que testaram positivo para a Covid-19, dos quais 16 evoluíram com cura e outros 16 precisaram de internação. Estes foram divididos em dois grupos, com metade deles fazendo o uso de cloroquina.
“Dentre os internados, oito fizeram o uso da cloroquina. Eles evoluíram muito bem e não tiveram nenhum efeito colateral. No entanto, as oito pessoas que também ficaram internadas e usaram os mesmos medicamentos do primeiro grupo, menos a cloroquina, também evoluíram muito bem”, disse Zamara.
Os que foram submetidos ao uso do medicamento, segundo a médica, apresentavam quadro clínico moderado e grave.
“Eu usaria sem o menor problema o remédio nos primeiros dias de infecção em pacientes suspeitos ou confirmados com quadros graves da doença. A cloroquina atua como imunomoduladora e inibe a multiplicação viral. Mas claro que ainda é muito prematuro falar que a cloroquina é a cura para o coronavírus”, pontuou a infectologista.
Especialmente porque, segundo Zamara, os estudos que embasaram o uso do medicamento, tanto os realizados na China quanto os feitos na Europa, deixam alguns pontos frágeis.
“Isso motiva as contradições entre os que acreditam e os que não acreditam na eficiência da cloroquina. Esses estudos pecam em alguns pontos como o número pequeno de pacientes, a randomização e o cegamento”, disse.
“A randomização é a colocação aleatória de pacientes no grupo que vai receber a cloroquina e no grupo que vai receber o placebo. E cegamento é o fato de nem o investigador, nem o paciente saberem quem está tomando a cloroquina e quem está tomando o placebo”, detalhou a médica.
De todo modo, segundo ela, em breve haverá boas notícias em relação ao uso do medicamento no tratamento à pandemia, diz.
O uso do medicamento foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da Covic-19 em pacientes com quadro clínico agravado, seguindo as instruções do Ministério sa Saúde.
3 mil comprimidos
No início deste mês, o Estado de Mato Grosso recebeu do Ministério da Saúde cerca de 3 mil comprimidos do medicamento cloroquina para serem usados como terapia auxiliar no tratamento de casos graves de coronavírus, mais especificamente em pacientes hospitalizados.
“Apesar de não ter nenhum estudo científico concluído sobre a eficácia do medicamento no enfrentamento ao coronavírus, o Ministério autorizou a utilização do remédio como terapia adjuvante no tratamento de casos graves da doença, em pacientes hospitalizados, devido às experiências promissoras realizadas em outros países”, afirmou na ocasião, secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo.
Ele ainda alertou sobre o perigo da automedicação, já que o uso do remédio sem prescrição médica coloca qualquer pessoa em risco eminente, podendo gerar sérias complicações no organismo, como retinopatia e distúrbios cardiovasculares.
Veja trecho de entrevista concedida pela médica:
Fonte: Midianews