Cuiabá nas primeiras décadas do século passado, após o advento da energia elétrica pública ainda vivia uma época de muita calma e tranquilidade com um ambiente quase bucólico. Com a implantação do sistema de energia elétrica, o desenvolvimento deu-se a passos mais largos e gerou também melhor qualidade de vida para a população.
Dados históricos apontam que Mato Grosso é um grande manancial de fontes energéticas. Em potencial hidrelétrico, por exemplo, a modalidade mais explorada no Brasil, MT detém a segunda maior reserva do país com mais de 17.000 megawatts de usinas construídas e a construir, só perdendo para o estado do Pará. O estado é hoje, no Brasil, um dos maiores focos de investimento em geração e transmissão de energia, com capacidade instalada de cerca de 3000 megawatts em geração de energia elétrica para consumo próprio e exportação.
O futuro é muito promissor nessa área. Mas essa história começa bem lá trás. Segundo pesquisa feita nos arquivos da Cemat, os primeiros eventos de geração de energia no estado datam de 1870 e decorreram da utilização do vapor d”água como força motriz. Eram os grandes barcos a vapor que navegavam entre o Rio de Janeiro/Buenos Aires/Assunção/Corumbá e Cuiabá e se tornaram o principal meio de transporte dos mato-grossenses na época.
Isso perdurou até por volta de 1950. O vapor foi ainda a principal fonte energética das usinas de açúcar ao longo do rio Cuiabá e também responsável pela iluminação pública de Cuiabá entre 1919 e 1938. Uma dessas usinas de açúcar, a usina de Itaici, por exemplo, usava lenha para gerar vapor e tocar seu maquinário, além de garantir a iluminação de todo o complexo. O abastecimento de água para a população era viabilizado com bombeamento de água do rio Cuiabá para os reservatórios da cidade por meio de bombas movidas a vapor.
Registra-se também, em 1900, o funcionamento da Cervejaria Cuyabana que utilizava vapor para mover seu maquinário. Pode-se ver que os primórdios da geração de energia em Mato Grosso foram caracterizados pelo uso intensivo do vapor como força motriz, garantindo, inclusive, que a boa e velha cerveja fosse consumida pelos nossos antepassados devidamente gelada graças à fábrica de gelo, também movida a vapor. Essa história tem ainda muito a revelar.
Da Redação/Com artigo de Helio Monti, superintendente da Eletronorte/MT