Cuiabá, quase 300 anos!

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Lembrança que se transforma em cobranças, isso ocorre quando se perde na história os valores da sociedade. Cuiabá poderá sim ser muito melhor, sem com isso deixar de avançar qualitativamente, urbanisticamente e principalmente, na qualidade de vida.

Hoje, muito se fala no legado da Copa 2014, tudo bem, houve um avanço na urbanização e infraestrutura para as principais vias da bela capital. Entretanto, não podemos ignorar a existência de bairros tão carentes que circundam a cidade, sem o mínimo de estrutura, proliferando desordenadamente aos olhos de todos.

Enquanto não tivermos uma situação higiênica saudável para os habitantes, a saúde não se resolverá nos PSF’s (Programa de Saúde da Família), clínicas e prontos-socorros. Podem construir quantos forem ditos, nada mudará para as milhares de famílias envolvidas nestas condições. Digo mais, se não tivermos uma política séria que contemple o tratamento do esgoto, coleta e tratamento de resíduos orgânicos, limpeza pública de ruas e avenidas e o acesso à água tratada, será impossível garantir melhores condições de saúde para a população.

Por conseguinte, questiono o que fizeram pelo Rio Cuiabá? Nada! Apenas mera e contínua propaganda política. Os tantos córregos que atravessam a capital tornaram-se canais de esgoto. Não há se quer uma limpeza programada. Ficamos à mercê das enchentes, única forma de “varrer” o lixo para o Rio Cuiabá, que por sequência leva tudo para o Pantanal.

Não temos nem mesmo uma limpeza eficiente das ruas e avenidas. Nossos garis sumiram! Um aqui, outro ali e pronto! Como dizem os cuiabanos, vôte! Cidade quente e suja é simplesmente horrível.

Nosso verde se transformando em cinza, nossas praças sem vida, as avenidas com seu gramado seco, sem flores. Só nos restam a florada dos ipês, que lutam contra a seca e o abandono e florescem nos avisando que ainda nos resta uma esperança.

Saudades de outrora, daquela gente que se embalava em suas cadeiras nas calçadas, contavam suas histórias e viviam contentes. Aquela gente, que sabia como era viver sem preocupação, sem ladrões, assaltos, explosões, roubos de carros, drogas e ‘noiados’. A cidade era calma e verde. Até tínhamos a certeza da chuva da manga e do caju… xômanos!

A Cuiabá de hoje, arde, queima e cheira fumaça. A insegurança é o pior de tudo. Esquecida por seus administradores que não as conhecera antes, só sabem fazer política com desvios da coisa pública, onde o que mais interessa é o proveito de uns em detrimentos de todos. Podemos, queremos e devemos avançar; irmos para o futuro com melhor qualidade de vida. Sabemos o quanto “cresceu” demograficamente, sabemos que tudo isto resultam em causas e efeitos com muitos problemas, haja vista o desenvolvimento desenfreado, as especulações imobiliárias sem ordenamento urbano e sem um plano diretor eficiente, onde as diretrizes firmes dariam um norte social para todos os seus cidadãos.

Enfim, temos que ver a nossa capital como um todo e que servia a todos. Jamais nos esquecemos de cobrar dos governantes bens e serviços públicos de qualidade e tudo aquilo que precisamos para conservar a nossa história.

Acorda Cuiabá!


Lucélio Costa é carioca de nascimento, Cidadão Cuiabano, Bacharel em Direito, Pós-Graduado em Direito Agroambiental, Professor de Judô, Compositor, Ambientalista e membro do G.A.R.R.A. (Grupo de Ação e Recuperação dos Recursos Ambientais).