Quem é dona Clarice Cardoso do Espírito Santo, a cuiabana de 100 anos que venceu a Covid-19, depois de passar por um período de internação em uma UTI?
Uma semana depois de deixar o Hospital Municipal de Cuiabá, o DIÁRIO, reencontrou dona Clarice ao lado da filha Rinalda Cardoso do Espírito Santo Parente e de outros familiares,, ainda em clima de comemoração da vitória sobre o novo coronavírus.
Na casa onde mora, na Rua Cândido Mariano, no “coração” de Cuiabá, agora a matriarca dos Cardoso do Espírito Santo acumula em seu currículo de vida mais essa história de superação.
Mãe de seis filhos, 13 netos e 9 bisnetos, dona Clarice é exemplo de alegria e otimismo.
“Minha mãe vê beleza em tudo e nunca a vi reclamar da vida”, diz a filha Rinalda.
Para dona Clarice, um gesto de carinho entre pessoas e tantas outras coisas simples do dia a dia para vê-la sorrir e dizer: “Que lindo!”
Agora, em virtude da idade avançada, ela fala baixinho e pouco ouve, mas continua a sorrir e a ver beleza.
E olha que a vida dela nunca foi fácil. Criou seis filhos, sofreu a perda de um deles, passou por privações financeiras, porém se manteve otimista.
Rinalda contou que cresceu ouvindo a mãe dizer: “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”.
Essa frase, diz a filha, lhe serve como lição de que a vida é dura, mas também bela. E, por isso, deve ser levada com fé e alegria.
Dona Clarice se considera cuiabana, mas traz na certidão o município de Diamantino (208 km ao Norte de Cuiabá), um dois mais antigos de Mato Grosso (291 anos de fundação), como o local de nascimento.
Ela contou que, realmente, nasceu naquela região, mas, durante uma temporada em que sua mãe, dona Augusta, acompanhava seu pai, senhor Alvino, em uma expedição com a equipe do Marechal Cândido Rondon.
Mas, dona Clarice diz que não nasceu na cidade, mas nas terras indígenas Utiariti. Ela contou aos filhos que chegou a ser amamentada por uma índia dessa etnia.
Rinalda, filha única entre cinco irmãos, sempre morou com a mãe, mesmo depois de casada. É ela quem cuida de dona Clarice, a mãe que tanto lhe ensinou e que ainda a orgulha.
“Nossa, como sofremos sem poder vê-la, acompanhá-la durante a internação na UTI”, recorda.
O que acalentava a família era vê-la em vídeos transmitidos via celular pela equipe do hospital.
“Muitas vezes, até pensei, por causa da idade, que ela só sairia viva do hospital por um milagre de Deus. Esse milagre aconteceu”, celebra a filha.
Para complicar, na mesma época da doença mãe, o marido de Rinalda, Pedro Afonso da Silva Parente, de 62 anos, também estava internado com Covid-19.
Mas, felizmente, sogra e genro se recuperaram.
Rinalda também contraiu o vírus da Covid, mas apresentou sintomas leves e não precisou de internação hospitalar.
Fonte: Diário de Cuiabá