As antigas e típicas casas cuiabanas geminadas deram lugar aos grandes condomínios de casas e prédios residenciais de um tempo para cá. Nos últimos 10 anos, a capital ganhou, pelo menos, 21 mil novas moradias. Impulsionado pelos jogos da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá, o ‘boom imobiliário’ na capital teve seu ápice em 2013 e 2014. Os dados são do Sindicato das Indústrias da Construção de Mato Grosso (Sinduscon-MT).
A construção de condomínios fechados tem sido cada vez mais comum. A demanda por segurança aumentou e o mercado agilizou a oferta desse tipo de moradia.
A preocupação com a segurança, porém, não surgiu agora. As antigas casas cuiabanas que compartilhavam as paredes com os vizinhos também eram construídas com o objetivo de impedir que ladrões invadissem as casas.
O tijolo de adobe deu lugar a novos materiais e novas tecnologias. A zona urbana, que no início se restringia ao Centro, foi expandindo. Novos bairros foram surgindo. Ao todo, a capital tem 203,3 mil imóveis residenciais. Pouco mais de 178 mil são casas e 25.072, apartamentos.
Trincheira da Jurumirim é uma das obras construídas para a Copa (Foto: Drone Cuiabá)
Somente nos últimos seis anos, 59 novos empreendimentos de condomínios residenciais verticais foram lançados. No mesmo período, 20 novos condomínios horizontais foram construídos.
Quando foram lançados, estes empreendimentos ofertaram aproximadamente 21 mil novos imóveis. Quase 70% destas moradias foram ocupadas. A oferta atual deste mercado é de 4.214 imóveis disponíveis.
Temos uma cidade muito bonita, mas que precisa de planejamento e melhorias. Existem paisagens interessantes. Estamos no caminho para a modernidade"
Valdinir Piazza, professor de arquitetura e urbanismo
Segundo o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Valdinir Piazza, a Copa do Mundo foi responsável pela euforia de muitos empreendedores que investiram em Cuiabá. "Havia a esperança de que muito investimento viria para a cidade com um evento deste tamanho", afirmou. Piazza é paranaense, mora em Cuiabá há 30 anos e por 15 anos foi arquiteto da Prefeitura de Cuiabá.
Para ele, os condomínios horizontais são os grandes responsáveis pelo crescimento da cidade. A maior parte deles, segundo Piazza, é construída em direção à periferia. “Esse crescimento tem certa deficiência, visto que esse movimento caminha em direção à periferia, enquanto, na verdade, a ocupação deveria ser de dentro para fora”, afirmou.
De acordo com o censo imobiliário do Sinduscon-MT, as regiões sul (que compreende os bairros Coxipó, Coophema, Parque Cuiabá, Pedra 90 e Jardim dos Ipês, por exemplo) e a oeste (que engloba os bairros Araés, Alvorada, Jardim Monte Líbano e Ribeirão do Lipa, por exemplo) são as que mais possuem empreendimentos horizontais. Nos últimos seis anos foram construídos cerca de quatro condomínios em cada uma das duas regiões. Em 2013, ano que antecedeu a Copa, foram lançados seis condomínios.
Em contraponto, a região oeste é a que mais recebeu investimento em condomínios verticais. De 2010 para cá foram, pelo menos, 46 novos prédios. Em 2013, o ano com maior número de empreendimento lançados, 17 prédios foram inaugurados.
Em 2017, a tendência do mercado, segundo o empresário Paulo Bresser, é se manter estável. Apesar do pico nos últimos 10 anos, a comercialização de imóveis no ano passado sofreu queda. “Os dois últimos anos foram difíceis e, com certeza, podemos dizer que um dos piores para o mercado imobiliário”, afirmou. A previsão é que a cidade continue crescendo, ainda que em ritmo mais lento.
Para o professor Valdinir Piazza, Cuiabá tem potencial e muitas paisagens para serem exploradas. “Temos uma cidade muito bonita, mas que precisa de planejamento e melhorias. Existem paisagens interessantes. Estamos no caminho para a modernidade”, declarou.
Cuiabá vista do alto durante a noite (Foto: Drone Cuiabá)