Após um ano e meio com os portões das escolas fechados por conta da pandemia do novo coronavírus, a rede estadual de ensino retoma as aulas presenciais na modalidade híbrida no próximo dia 03 de agosto. A confirmação foi feita, na manhã de hoje (26), pelo Governo do Estado, que garante que as mais de 750 unidades estão preparadas para a receber os cerca de 380 mil estudantes e 40 mil profissionais da educação.
O retorno será escalonado e híbrido, ou seja, em uma semana, metade dos estudantes de cada turma estudarão presencialmente, enquanto que os demais alunos acompanharão as aulas de forma remota, por meio do uso de tecnologia ou material impresso. Na semana seguinte, os grupos se invertem, para que todos possam participar das atividades escolares presenciais.
A confirmação foi feita após o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) julgar inconstitucional artigo da lei 11.367/2021, aprovada pela Assembleia Legislativa, que condicionava o retorno à vacinação completa contra a Covid-19 de 100% trabalhadores da área. A decisão, em caráter liminar, atendeu a ação direta de inconstitucionalidade da lei ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MPE-MT).
“A falta da presença do aluno em sala de aula, a falta do ritmo normal, traz prejuízos e, para alguns, nós teremos que desprender um esforço muito grande para resgatar e repor a esses alunos um ritmo que permita melhorar a educação, o que é um grande desafio em Mato Grosso”, disse o governador Mauro Mendes (DEM). Além de recuperar a aprendizagem, um dos esforços é fazer com que um número significativo de alunos volte para as escolas. No Estado, a estimativa é que há uma evasão em torno de 25% somente no ensino médio.
Ao que chamou de tragédia educacional provocada por conta da pandemia, o secretário de Estado de Educação, Alan Porto garante que o órgão está focado em recuperar a aprendizagem. “Não dá para ter uma economia pujante e ser o 22º lugar em aprendizagem (conforme o Ideb) no ensino médio. Esse governo busca a melhores colocações e, para isso, a gente espera contar com a colaboração de todos os profissionais da educação”, afirmou.
Para Porto, não dá mais para manter as escolas fechadas. “Quem está perdendo são os alunos (da rede pública) porque os da classe mais rica estão, desde fevereiro, dentro da sala de aula. Esse formado remoto não supre a necessidade e quem está perdendo são os estudantes, os filhos dos trabalhadores que pagam imposto neste país”, avalia.
O secretário lembrou que os profissionais da educação já tomaram a primeira dose de imunizante contra do vírus e, a segunda deve acontecer, em agosto. Além disso, a Seduc-MT está com uma força-tarefa percorrendo as unidades escolares, sendo constatado que cerca de 90% dos estabelecimentos de ensino já estão preparados para reabertura, com os protocolos de biossegurança, com máscara de proteção facial, termômetro infravermelho, tapetes sanitizantes, álcool em gel, entre outros. A expectativa é que 100% dos colégios estudais estejam prontos até o reinício das atividades de forma segura.
De acordo com Porto, nesse um ano e meio de pandemia, o Estado investiu cerca de 170 milhões em infraestrutura física e tecnológica das unidades, além da distribuição de kits alimentação e outros programas estratégicos, potencializados pelo projeto “Mais MT”, que prevê recursos da ordem de R$ 936 milhões na área, inclusive, na parte pedagógica. A Seduc-MT irá contratar 4,7 mil servidores para o retomo.
A reabertura dos portões das escolas foi anunciada pelas redes sociais oficiais do Governo e recebeu centenas de opiniões dos internautas, que se mostram divididos sobre a decisão. “Parabéns, governador tem que voltar mesmo, show de bola”, disse um deles. “Escolas precárias onde falta tudo…. Não podemos comparar com a estrutura de escolas particulares. Se tivessem preocupação com a educação teriam realizado dose única para os profissionais, acredito que a preocupação com vidas é descartada”, disse outro cidadão. “Haverá testagem dos profissionais e dos alunos?”, cobrou outro mato-grossense”, cobrou.
Já o Sindicato dos Trabalhadores de Mato Grosso (Sintep-MT) informou na semana passada que irá convocar a categoria para decidir sobre o retorno ou não das aulas presenciais. Contudo, para o presidente do sindicato, Valdeir Pereira, “só álcool em gel e tapetes sanitizantes não são suficientes para tornar as salas de aula, ambientes seguros contra o novo coronavírus”.
“A Secretaria de Educação enviou às escolas, um documento que lista uma série de medidas rasas do que seria um ‘protocolo’ a ser seguido. Enquanto à Seduc fala coisas óbvias como usar álcool em gel, não compartilhar objetos e que os alunos não frequentem as escolas caso apresentem sintomas gripais; se omite em tratar situações mais complexas que um retorno presencial nesse momento implicariam, tais como: haverá equipe de apoio suficiente para promover uma limpeza mais rigorosa dos ambientes? No caso de um estudante ou trabalhador da educação apresentar suspeita de Covid, haverá testagem em massa nessa escola? As aulas continuariam até sair o resultado ou deveriam ser suspensas? Então, são situações que podem acontecer e que não foi dada nenhuma orientação a respeito”, questionou.
Fonte: Diário de Cuiabá