O ex-diretor geral do Grupo Prox, Marco Aurélio Carvalho Cortes, afirmou que houve o pagamento de R$ 230 mil para prestação de serviços médicos durante a Copa do Mundo de 2014.
A informação consta nas alegações finais do Ministério Público Federal do processo proveniente da segunda fase da operação, protocoladas para o juiz Paulo Sodré, da 7ª Vara Federal de Cuiabá no dia 27 de agosto.
O grupo Prox era integrado pelas empresas ProClin e Qualycare e é investigado no âmbito da Operação Sangria.
A operação – que conta com duas fases – apura irregularidades em licitações e contratos firmados pela Prefeitura de Cuiabá e Governo do Estado com o grupo.
Já a segunda fase da ação investiga o grupo por atrapalhar as investigações.
Ao juízo da Vara Federal, Marco Aurélio – que figura como testemunha do caso – revelou que o grupo havia desembolsado a título de propina os R$ 230 mil para prestar os serviços à época da Copa do Mundo, em junho de 2014.
À época o Estado estava sob gestão do Silval Barbosa e a Saúde era comandada por Jorge Lafetá.
Outra testemunha do caso, a médica cardiologista Andrea Roledo confirmou a prestação de serviços pelo grupo ao Estado.
“Citou ainda um pagamento de propina no valor de R$ 230.000,00 para prestação de serviços médicos da Copa do Mundo de 2014. A testemunha Andrea R., médica, confirmou que a prestação de serviços médicos na Copa do Mundo 2014 foi feita pelas empresas do Grupo Prox”, consta em trecho do documento do MPF.
Veja trecho do documento:
R$ 20, 4 mil a secretário
Em seu depoimento, Marco Aurélio disse que esteve à frente das empresas, entre 2012 e 2015, o Grupo Prox tinha “muitos contratos com poder público” e que “normalmente era por dispensa de licitação”.
E que foram firmados contratos mediante pagamento de propina desde 2013, quando Jorge Lafetá se tornou Secretário Estadual de Saúde.
Ainda segundo o ex-diretor uma propina de R$ 20,4 mil mensais era dada ao chefe da Saúde Estadual para manutenção de contratos e recebimentos de valores do Executivo.
O valor, no entanto, era acrescido quando a propina se tratava aos serviços referentes ao Hospital São Benedito, gerenciado pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública.
“Disse que, para que houvesse manutenção de contratos com o poder público nessa época e recebimento dos valores contratados, era necessário pagar, a título de propina, R$ 20.400,00 mensalmente a ele”, consta em documento.
Os pagamentos, segundo o ex-diretor era pagos em dinheiro “vivo”. “Era emitido um cheque da empresa, que era sacado na boca do caixa e entregue para Jorge Lafetá em espécie”.
Veja trecho do documento:
Câmeras de filmagem
Segundo Marco Aurélio, Jorge Lafetá ia buscar o montante na sede da empresa, no Edifício Santa Rosa Tower, em Cuiabá.
O ex-diretor ainda disse em depoimento que recomendou e posteriormente chegou a ser instaladas câmaras de segurança no local.
“Marcos Aurélio Carvalho Cortes disse ainda que recomendou que se pusesse uma câmera no local onde a propina era retirada, a fim de que captar a entrega das propinas aos agentes públicos. Disse que a câmera realmente foi instalada, todos os sócios tinham ciência que ela existia, mas que o único que viu mexendo efetivamente na câmera foi Fábio Liberali”, consta em documento do MPF.
Fonte: Midianews