Com o objetivo de oferecer comida a quem tem fome, um grupo de voluntários criou a Geladeira Solidária. Sempre abastecida com alimentos frescos, ela está de porta aberta para os moradores de rua, viajantes, imigrantes e qualquer pessoa que passe pela Rodoviária Engenheiro Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá, e precise se alimentar.
A doação do eletrodoméstico ao grupo foi o pontapé para a implementação do projeto, que era planejado há anos, mas só agora se efetivou.
“A gente se inspirou nas geladeiras existentes em outras cidades e queríamos fazer isso aqui também. Depois que ganhamos ela, decidimos colocar na rodoviária, um lugar de grande fluxo de pessoas e que tem vários albergues na região”, afirma a voluntária Simone Pelegrini.
A voluntária conta que, a princípio, o projeto atenderia aos moradores de rua e aos imigrantes que, principalmente venezuelanos, que chegam a cidade e não tem meios para se alimentar. Todavia, um público que tem surpreendido pela procura é o viajante.
“Quando vamos lá descobrirmos muitas histórias. Houve uma vez que um senhor havia chegado a Cuiabá, mas conseguiu passagem para o destino final só no outro dia a noite. Ele passou praticamente 2 dias morando na rodoviária e se alimentou do que tinha na geladeira”, lembra emocionada a voluntária.
Em um vídeo gravado pelo voluntário, um senhor conta que, na primeira vez que recebeu uma marmita do projeto, pegou para não fazer desfeita à pessoa que oferecia. “Eu estava até cheio, mas não quis que ela achasse que eu estava destratando por não pegar a marmita. Eu guardei para comer mais tarde. Jesus estava naquela marmita”, conta na filmagem.
Segundo a voluntária, o projeto tem o apoio da Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico LTDA (Sinart) que administra o terminal. A empresa permitiu que a geladeira ficasse no local e também que os seguranças olhassem pelo projeto.
Cada dia um voluntário é responsável por ir ao espaço e fazer a triagem dos alimentos que ainda estão bons para consumo e descartar os que já estão estragados. Também limpa a geladeira e abastecem com a comida doada. Geralmente não sobra comida de um dia para o outro.
Alguns parceiros doam a comida que abastecesse a geladeira, porém Simone conta que todos são incentivados doarem, seja um fruta ou iogurte para manter o projeto sempre cheio. “Todos podem ajuda, nem que seja uma vez”, ressalta.
Quem quiser doar e não conseguir ir até a rodoviária, pode entrar em contato com o grupo, pela página no Facebook, que eles buscam o alimento.
Como forme de agradecer pelo alimento recebido, um morador de rua deixou um artesanato feito com latinha de refrigerante sobre a geladeira. “Foi um gesto bonito de agradecimento”, lembra a voluntária.
Existem alguns alimentos preferenciais para o projeto: que precisem ser preparados, não estejam crus, e sejam separados em porções individuais. As instruções estão na porta da geladeira.
Fonte: Gazeta Digital