Templo foi construído em 1792 como promessa de devoto que sobreviveu.
A Igreja Nosso Senhor dos Passos, localizada na Rua 7 de Setembro, no Centro Histórico de Cuiabá, e que, curiosamente, fica de costas para a Avenida Tenente Coronel Duarte, a Prainha, foi fundada em 1792 por um devoto chamado Manuel Homem, que conseguiu sair do caixão após ter sido enterrado vivo. O templo é um dos exemplos da forte fé cristã católica, ligada à origem da cidade.
A historiadora Leilla Borges de Lacerda, que é cuiabana de nascença, explica que a história da construção da igreja foi repassada ao longo dos anos e, segundo ela, não existem documentos que comprovem a versão.
A acadêmica, que tem como foco em grande parte de suas pesquisas os monumentos históricos de Cuiabá, lembra que a cultura popular também serve como importante fonte para traçar um perfil histórico de determinadas construções.
Manuel Homem foi o catalisador da história da Igreja Senhor dos Passos. Conforme a historiadora, ele foi movido unicamente pela fé.
“Ela foi construída porque esse devoto acabou sendo enterrado após um ataque de catalepsia, doença em que os sinais vitais de uma pessoa desaparecem e ela é tida como morta. Ele acabou acordando, se debateu e como homem de fé que era fez uma promessa. Dentro do túmulo, prometeu que se conseguisse sair, levantaria uma igreja em gratidão ao Senhor dos Passos pela graça recebida. O resto da história está aí”, conta.
Uma questão curiosa que a historiadora comenta é que próximo ao local onde existia a igreja, havia um chafariz. A história está contada em um dos livros da pesquisadora.
“A água vinha de uma bica que saia da igreja do Rósario. Tinha um aqueduto que passava por ali. E, na pesquisa que fizemos, verificamos que essa bica era também um oratório [lugar onde as pessoas fazem preces]. Por causa disso, a rua que hoje é chamada de 7 de Setembro, onde fica a igreja de Nosso Senhor dos Passos, era conhecida como Rua do Oratório”, conta.
A igreja está de costas para a Avenida Prainha porque o local não tinha importância na época. Ela justifica argumentando que a Prainha acabou virando um esgoto e que o local só ganhou relevância após o governo realizar a transferência do poder, que estava localizado no Palácio Alencastro, para a Avenida do CPA. Após isso, a Prainha acabou se expandindo, foi pavimentada e o córrego foi fechado.
Revitalizações
A primeira alteração nesse templo cristão aconteceu, de acordo com a Secretaria de Cultura do Estado, em 1898. Na época, a igreja foi reformada pelo então bispo Dom Carlos Luís D’Amour. A Igreja Senhor dos Passos foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio histórico.
A última reforma que o templo passou foi em 2005. Reaberta em 2006, governos estaduais e federais gastaram, juntos, R$ 398 mil na obra.
Com informações do Postal G1