Com o tempo seco e baixa umidade relativa do ar (URA), as queimadas se espalham por Mato Grosso, líder no ranking nacional, com 16.955 focos de calor registrados, desde o início do ano.
Somente no Pantanal, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, o fogo já consumiu cerca de 10% da mata de um dos biomas mais importantes do mundo.
Ainda não há previsão de controle das chamas, que já duram mais de um mês.
E os prejuízos e o impacto sobre a vida natural ainda estão sendo levantados.
Já na última sexta-feira (28), um incêndio de grandes proporções também atingiu a região do Morro dos Ventos, em Chapada dos Guimarães (67 km ao Norte de Cuiabá).
“Aqui, olha o fogo destruindo o Morro dos Ventos. Que loucura. Eu falei que ia acontecer isso. Aqui a plataforma pegando fogo. Pegando fogo tudo aqui no Morro. Devastação total. Meu Deus. O restaurante graças a Deus conseguimos”, diz um internauta, em vídeo divulgado nas redes sociais.
Segundo informações, o fogo subiu rapidamente e todo paredão foi atingido pelas chamas, que também destruiu parte da vegetação nas estâncias “20 de Dezembro” e “Paredão da Serra”. O Morro dos Ventos é um dos cartões postais da cidade.
Mas, as queimadas têm sido registradas em outras regiões do Estado.
Somente na sexta-feira, o Corpo de Bombeiros (CB) já havia sido acionado para combater incêndio no Distrito da Guia (27 km ao Norte da Capital, pela MT-010), e também mobilizou equipes para conter as chamas que se alastravam pela vegetação às margens da MT-040, estrada que liga a Capital a Santo Antônio de Leverger.
Outro exemplo é a Aldeia Tadarimana, em Rondonópolis (212 km ao Sul da Capital), que teve parte da área consumida pelo fogo, no início da última semana de agosto.
No fim de de julho passado, outra queimada já havia sido controlada pelo Corpo de Bombeiros e brigadistas, na mesma aldeia indígena.
Na ocasião, boa parte da vegetação foi destruída.
Em Mato Grosso, já são registrados 16.955 focos de calor desde o início do ano, o que corresponde a um aumento de 7% em relação a 2019 com 15.718 incêndios.
Poconé (100 km ao Sul de Cuiabá) responde por 2.371 dos focos no Estado.
Em que pese o avanço dos focos de calor, o Ministério do Meio Ambiente chegou a anunciar, na última sexta-feira (28), a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia Legal, bem como todas as operações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do país.
Horas depois, recuou.
“O Ministério do Meio Ambiente informa que na tarde de hoje (ontem) houve o desbloqueio financeiro dos recursos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes e Conservação da Biodiversidade) e que, portanto, as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas prosseguirão normalmente”, informou, por meio de nota.
Caso efetuado, o bloqueio financeiro seria da ordem de R$ 20,9 milhões em verbas para o Ibama e R$ 39,7 milhões para o ICMBio.
A suspensão do repasse do montante se somaria à redução de outros R$ 120 milhões já previstos como corte do orçamento na área de meio ambiente para o exercício de 2021.
Além disso, haveria a desmobilização de 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e de quatro helicópteros, no âmbito do Ibama para o combate aos incêndios florestais.
Para o trabalho de enfrentamento ao desmatamento ilegal seriam desmobilizados 77 fiscais, 48 viaturas e dois helicópteros.
No âmbito do ICMBio, para as operações de combate ao desmatamento ilegal seriam desmobilizados 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor, que atuam no combate às queimadas.
Fonte: Diário de Cuiabá