Mais de 100 famílias indígenas em Mato Grosso estão encontrando dificuldade para suprir gastos básicos de alimentação devido ao avanço da pandemia de covid-19 no estado. Lideranças das aldeias São Paulo e São Felipe, da reserva Parabubure (Xavante), e a aldeia Pyulaga (Waurá), do Xingu, pediram ajuda ao Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS) e ao Museu de História Natural de Mato Grosso para arrecadar fundos para abastecer as famílias.
A vaquinha iniciada nesta sexta-feira (19.03) pretende arrecadar R$ 50 mil reais que serão revertidos em alimentos e materiais de higiene a serem distribuídos entre as famílias mais necessitadas. Os itens a serem adquiridos são arroz, feijão, polvilho doce, leite em pó, sabão em barra e sabonete. O montante arrecadado será utilizado para abastecer as aldeias por dois meses e transportar os alimentos.
Nas últimas semanas, o Instituto Ecoss tem recebido mensagens solicitando ajuda. Uma das mensagens foi de Amercio Öwedewawe, da aldeia São Paulo, que fez um apelo por ajuda relatando que os indígenas não estão recebendo auxílio e que precisam de alimentos, com algumas crianças já apresentando quadros de desnutrição.
Os indígenas relatam ainda que têm evitado vender seus artesanatos nas cidades por medo da contaminação. Além disso, a situação os impede de ir até suas plantações, por falta de combustível. “As áreas próximas às aldeias não são mais férteis, e há plantações que ficam a mais de 12km de distância. Como as plantações ficam longe, quando os indígenas conseguem chegar até elas, os porcos do mato já destruíram o que estava plantado, deixando a aldeia sem o seu principal alimento: o polvilho, feito da mandioca”, relata o Instituto.