João Arcanjo nega ser comandante do jogo do bicho em depoimento à Polícia Civil; outros confessaram

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Cercado de mistério e segurança, o depoimento do bicheiro João Arcanjo Ribeiro a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, como parte das investigações da Operação Mantus, finalizou por volta das 17h30. Ele chegou numa viatura do GCCO, com colete à prova de balas e algemado, no Jardim das Américas – região Leste de Cuiabá.

Durante o depoimento, João Arcanjo negou que seja novamente o comandante do jogo do bicho em Mato Grosso. Ele não explicou porque as planilhas da Colibri Loterias foram encontradas em sua casa, no quarto do seu genro Giovani Zem Rodrigues, tampouco porque o seu escritório funcionava na sede da empresa.

Pouco antes, o advogado Zaid Arbid, responsável por sua defesa, já havia negado qualquer envolvimento do seu cliente com contravenção penal ou outros crimes.

O delegado Flávio Stringueta, titular da GCCO, afirmou que as provas contradizem o depoimento do bicheiro. “Foram encontradas planilhas do jogo do bicho, na casa dele, no quarto do genro [Giovani Zem]. Escritório dele era no mesmo prédio da central da Colibri Loterias. Não vejo como não relacioná-lo ao jogo do bicho”, argumentou o coordenador.

Numa análise ampliada,  Stringueta observou que somente Arcanjo falou de toda a organização dele. “Não estou bem certo. Mas, de todos os interrogados, somente ele falou”, citou o delegado.

Stringueta confirmou que Leander Mendes e Rosalvo Ramos de Oliveira confessaram que Frederico Müller Coutinho é mesmo o proprietário da FMC e comandando o jogo do bicho. Eles desempenhavam funções básicas, como arrecadadores de pontos de venda e recebiam em média R$ 1,5 mil por mês –  como espécie de comissão.

“Eles responderam a todas as nossas perguntas e deram todos os detalhes que sabiam. Como eram pessoas que não tinham posição de destaque, na organização criminosa, falaram de forma bastante sucinta, como era o funcionamento da Ello [pertencente à FMC]”,

Operação Mantus

As investigações da Operação Mantus tiveram início em agosto de 2017, conseguindo desbaratar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso. E confirmou que as duas movimentaram, em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues – a Colibri Loterias; enquanto a outra estaria sob o comando Frederico Muller Coutinho, dono da FMC.

No total, foram expedidos 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar, expedidos pelo juiz Jorge Luiz Tadeus, da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.

Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.

João Arcanjo já havia passado 14 anos cumprindo pena de reclusão por diversos crimes e saiu em 2017, em liberdade condicional.

Fonte: Cuiabano News