O cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, líder da etnia Kayapó, foi transferido de avião neste sábado (18) para o município de Sinop, no norte de Mato Grosso, onde ficará internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital.
Ele estava internado em um hospital de Colíder, a 648 km de Cuiabá, depois que passou mal. Raoni é conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas.
O sobrinho-neto de Raoni, Patxon Metuktire, informou ao G1 que o cacique está internado desde quinta-feira (16). O cacique vive no Parque Nacional do Xingu, em São José do Xingu, a 931 km de Cuiabá.
Segundo a direção do Instituto Raoni, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho, há um mês. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O indígena foi internado com sintomas de fraqueza e falta de ar, teve complicações gastrointestinais e desidratação.
Sem conseguir se recuperar com remédios tradicionais, ele foi internado.
Foram feitos testes preventivos para o novo coronavírus, mas todos deram resultados negativos.
Raoni e Bekwyjkà Metuktire tiveram oito filhos e estavam juntos há pelo menos oito décadas.
Por medo da pandemia do coronavírus, a anciã não foi removida para um hospital, de acordo com a neta Mayalú Txucarramãe, que postou nas redes que o avô estava “arrasado com a perda da sua companheira, conselheira e matriarca”.
Histórico
O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).
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Presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta líder indígena Raoni, em encontro no Palácio do Eliseu, sede do governo, em Paris, em maio de 2019 — Foto: Thomas Samson / AFP
Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte. Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.
No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.
A declaração ocorreu após o cacique se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.
Fonte: G1 MT