Mais de 1.100 famílias retiradas do Colinas Douradas apontam falta de assistência

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A ordem de reintegração de posse do Colinas Douradas foi cumprida pela Polícia Federal e demais forças de segurança na quarta-feira (16). Os ocupantes dos imóveis relataram não terem para onde ir e reclamaram da falta de assistência para serem direcionados para outro local. As mais de 1.100 famílias começaram a ser retiradas no início da manhã.

A frente dos prédios ficou tomada pelos móveis amontoados e pessoas preocupadas com o rumo que tomariam a partir de agora. Após 3 meses vivendo em um dos apartamentos, duas irmãs, que preferiram não se identificar, diziam não saber para onde vão com as 11 crianças da família, com idades entre 12 e 1 ano.

“Não temos condições de pagar aluguel e a casa onde eu morava no (bairro) Mapim estragou com as chuvas. Eu vou para onde?”, questionava-se a mulher com um bebê no colo.

Enquanto isso, do outro lado, as polícias direcionavam os moradores para a saída. A PF já realizava uma vistoria nos imóveis para garantir que todos os apartamentos já estavam desocupados. Nos prédios que já estavam vazios, era feita uma marcação.

Os ocupantes apontam que antes da ocupação, o conjunto de apartamentos estava completamente abandonado, sem qualquer tipo de cuidado. Jovem, com 21 anos, o rapaz que prefere não se identificar conta que morava ali com a esposa e a enteada. Agora, para esse primeiro momento de retirada, conseguiu uma casa para ficar de favor. O imóvel fica próximo ao conjunto habitacional. “Vou ter que morar de favor porque não tenho outra opção”, disse.

A mudança, inclusive, precisou ser feita ainda mais rápido, para dar tempo de ainda ir trabalhar no período vespertino.

Já Daniel Lima de Souza, 30, não teve a mesma sorte. O pedreiro perdeu um dia de trabalho e ficou ao relento. O rapaz vivia com a mulher e os dois filhos de 7 e 5 anos em um dos imóveis desde setembro. Ontem, Souza entrava e saía do conjunto habitacional carregando os seus pertences. Os objetos foram espalhados em alguns pontos de uma rua do Residencial Júlio de Campos. “Eu não tenho para onde ir, por isso as minhas coisas estão na rua”.

Transplantada renal, Vilma Dias dos Santos, 57, não viu outra solução a não ser entrar no Colinas Douradas junto com outras famílias, na tentativa de garantir uma moradia. “Já tentei inúmeras vezes, mas nunca consegui ser contemplada com uma casa. Agora, querem tirar a gente daqui, o que eu vou fazer?”, perguntava-se, aos prantos.

A Prefeitura de Várzea Grande informou que avalia as possibilidades para amparar essas famílias. A Caixa Econômica Federal (CEF) reconhece que as obras estavam paralisadas. O contrato inicial foi assinado em 2012 e, cinco anos depois, foi feita a substituição da empresa para que o projeto fosse retomado. “Entretanto, as obras não avançaram devido a alterações de diretrizes originalmente emitidas pela companhia de saneamento local, momento em que foram necessárias adequações de projetos e orçamentos relacionados aos sistemas de fornecimento de água e esgoto sanitário”, alega a CEF.

Neste momento, o banco alega que as negociações estão em andamento para buscar uma solução financeira e também, a retomada das obras.

Fonte: O Bom da Notícia