O mês de março, antes de terminar, já é o mais fatal desde o início da pandemia em Mato Grosso. Até essa terça-feira (23), 1.227 pessoas morreram vítimas da Covid-19 no estado. Faltando uma semana para acabar, março já superou o número de mortes em julho de 2020, quando, até então, havia sido registrado o pico da pandemia.
Nas últimas 24 horas foram 95 mortes no estado. Na segunda-feira (22), o estado registrou o maior número de mortes em 24 horas desde o início da pandemia: foram 125 óbitos confirmados, média de 1 morte a cada 12 minutos. Na última terça (19), o mês de março tornou-se o mais fatal da pandemia em todo o Brasil.
Do dia 1º até 19 de março, foram confirmadas 35.507 mortes pela Covid-19, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país. É o maior número de mortes registradas em um período mensal desde o início da pandemia, 12 dias antes do final do mês.
Mato Grosso é o 10º estado a ter o mês de março como o mais fatal. Os outros são: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rondônia, Tocantins, Goiás e Bahia.
O número de mortes confirmadas neste mês em Mato Grosso já supera os registros de todo o mês de julho de 2020, que tinha sido o pico da pandemia até então. Em julho do ano passado, foram 1.213 mortes.
O estado agora totaliza 7.033 óbitos causados pelo coronavírus e 292,8 mil pessoas infecatadas de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Aumento no número de mortes de jovens
Março também é o mês mais fatal, até agora, para os jovens entre 18 e 30 anos. Apesar da taxa de mortalidade por Covid-19 entre os jovens ser pequena (menos de 2%) no estado, este mês já registra o maior número desde o início da pandemia.
Fila de espera por UTI
A fila de espera por leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso mais que dobrou em uma semana. No dia 15 deste mês, 91 pacientes aguardavam vaga e na segunda-feira (22), um total de 189, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Desde o dia 8 de março, não há leitos de UTI disponíveis no estado. Após a lotação máxima, o número de pacientes aguardando a liberação de leito só aumenta – veja no gráfico abaixo.
O colapso de saúde se estende aos hospitais particulares. Em Cuiabá, alguns hospitais fecharam as portas do pronto-atendimento, devido à superlotação de pacientes com Covid-19.
Unidades públicas também suspenderam as internações por falta de vagas. As policlínicas dos bairros Verdão, Coxipó, Pedra 90 e do Planalto, e as UPAs dos bairros Morada do Ouro e Pascoal Ramos não conseguem mais receber pacientes.
Para frear o avanço da nova onda de Covid-19, o governo estadual prorrogou o decreto publicado no último dia 16, que toma medidas como toque de recolher e fechamento do comércio depois das 19h. As medidas continuam a valer até o dia 4 de abril.
Falta de oxigênio
Mato Grosso e outros cinco estados estão em alerta para a falta de abastecimento de oxigênio hospitalar, produto usado pelos pacientes com Covid-19. A situação foi informada durante reunião entre o Ministério da Saúde e a Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa segunda-feira (22).
Oxigênio para pacientes com Covid-19 — Foto: Governo do Ceará
Estão em curso tratativas para aumentar a produção de cilindros e para instalar concentradores de oxigênio em diversos locais, que funcionarão de forma similar às mini usinas produtoras do insumo.
A Justiça Federal determinou, na noite dessa terça-feira (23), que a União forneça, imediatamente, logística adequada pelo meio mais rápido, considerando a urgência do caso, para transporte da quantidade suficiente de oxigênio medicinal aos municípios de Mato Grosso.
A decisão é do juiz federal Hiram Armênio Xavier Pereira. A ação foi proposta pela Defensoria Pública da União.
Conforme a decisão, o governo federal deve buscar em outros estados a possibilidade de fornecer cilindros de oxigênio gasoso em condições de serem transportados por via aérea para atender à demanda urgente de 28 municípios de Mato Grosso, em cumprimento à cooperação constitucional e legalmente imposta.
A União, em conjunto com o estado de Mato Grosso, tem o prazo de 10 dias para apresentar um plano para abastecimento de oxigênio medicinal para a rede de saúde do estado de Mato Grosso durante a pandemia.
Fonte: G1 MT