Depois de um ano abundante em situações inusitadas, qual a perspectiva para a economia em 2017? Mato Grosso que vinha numa trajetória de crescimento econômico acima da média brasileira, manterá essa condição. Contudo, tanto para a economia estadual quanto nacional, o cenário tende a ser de recuperação. Principal indicador do crescimento econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) mato-grossense deve subir 1,5% este ano, diversamente da projeção para o país, que é de contração de 0,5% em 2017. Esta é a perspectiva traçada pelo economista Vivaldo Lopes, que vê Mato Grosso sendo afetado “pela longa recessão do país, pela forte retração da demanda doméstica, pela redução dos investimentos, do consumo das famílias e dos investimentos governamentais, especialmente em infraestrutura de transportes”.
O economista Edisantos Amorim avalia que o PIB do país deve sair de uma contração de 3,1% a 3,5% em 2016 para iniciar retomada de 0,5% a 1% de crescimento em 2017, desde que o governo de Michel Temer obtenha a aprovação das mudanças que envolvem, além da PEC dos Gastos Públicos (já aprovada pelo Congresso Nacional), a sequência de ajustes tributário, previdenciário e trabalhista. Para ele, a economia mato-grossense continua beneficiada pela agropecuária.
A temporada agrícola 2016/2017, diferentemente da última, apresenta condições de aumento na produção. Além disso, a ampliação do mercado externo para os produtos brasileiros e a elevação da demanda favorecem as exportações do Estado, pondera Amorim. É também sobre o agronegócio que o economista Vivaldo Lopes reserva um olhar mais otimista.
Conforme ele, a expectativa de uma boa safra de soja e milho – dois dos principais produtos agrícolas do Estado -, decorrente do aumento de área plantada, produção e produtividade, alavancarão o crescimento do PIB estadual. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso produzirá 52,279 milhões de toneladas de grãos (soja, milho, algodão, girassol, sorgo, arroz e feijão) na safra atual, com incremento de 9,304 milhões/t ou 21,24% sobre a última temporada, quando foram colhidas 43,425 milhões/t, após perdas de 8,293 milhões/t, decorrentes da seca.Além de uma colheita mais farta em 2017, os preços internacionais dos principais produtos agropecuários se manterão estáveis, avalia Lopes.
Outro ponto considerado por ele é que a valorização do dólar diante do real estimula as exportações. Contudo, reforça o economista, a boa performance da agropecuária mato-grossense não sustentará em 2017 o ritmo chinês de crescimento da economia estadual, que foi de 6,2% ao ano entre 2002 a 2014, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro. “O cenário recessivo e a lenta retomada do crescimento da economia nacional atuarão negativamente para a contração da economia local”. Ainda ao comentar sobre o cenário nacional, Lopes afirma que 2016 termina com queda de 3,5% do PIB e inflação abaixo de 7%. “A mediana do mercado indica que a retomada do crescimento será adiada para 2018, com queda de 0,5% do PIB em 2017 e inflação entre 4,5% e 5%”.
O economista considera que o cenário de incertezas e as turbulências políticas são fatores que atuam como inibidores do crescimento da economia. “Isso reflete direta e negativamente na confiança empresarial, dos investidores internos e externos e dos consumidores”.
INVESTIMENTOS – O equilíbrio nas contas primárias do governo federal animará os investidores do mercado e empresários, caso o governo consiga executar o plano de austeridade em 2017, avalia o economista Edisantos Amorim. Para ele, outro sinalizador positivo para os investimentos é a redução da taxa básica de juros (Selic), que gradualmente tende a cair e assim repercutir de maneira positiva sobre o mercado, por favorecer o crédito a um custo menor e prazos maiores.
Já o economista Vivaldo Lopes acredita que o investimento continuará reduzido em Mato Grosso devido ao elevado endividamento corporativo, a escassez de crédito de longo prazo e ao elevado nível de incerteza com os resultados do ajuste fiscal no âmbito estadual e federal, com a revisão da política local de incentivos fiscais e efeitos da nova política tributária estadual. “A redução dos investimentos públicos também contribui para a retração dos investimentos totais ao longo de 2017”.
ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS -A tendência é de aumento, tanto pela expansão nas vendas de commodities como também pela retomada do parque industrial, do setor de comércio e serviços e dos valores agregados da balança comercial e de serviços manufaturados, avalia Amorim. Com o regime fiscal equilibrado, Estado e municípios passarão a receber mais dos cofres públicos, pondera o economista.
CONSUMO INTERNO – Ao falar sobre o consumo das famílias, Lopes prevê redução decorrente da deterioração do mercado de trabalho. Extinção de postos de trabalho, diminuição dos salários reais e menor expansão do crédito de consumo criam este cenário.
EMPREGO – Um dos aspectos que mais preocupa a população no contexto de crise econômica é o desemprego. A retomada da geração de postos de trabalho depende da recuperação do mercado, quando as empresas voltam a contratar mão de obra. A abertura de novas empregos deve demorar de 6 a 12 meses, após a retomada do crescimento econômico, projeta Amorim. Sendo assim, a condição de pleno emprego só deve ser observada em 2018. “O cenário macroeconômico em 2017 será melhor do que o que vivemos de 2014 a 2016, porém devemos ter a mesma cautela em gastar menos e poupar mais”. Fazer mais com menos, ou seja, buscar manter o equilíbrio do orçamento doméstico. “Em 2018 terá início uma nova fase na economia. Será um novo ciclo de evolução, crescimento e desafios”, projeta.