Maysa Leão aponta preconceito e ‘demonização feminina’ na política

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Durante a live do site O Bom da Notícia nesta terça-feira (20), a vereadora Maysa Leão (Cidadania), apontou como absolutamente desmedidas as críticas feitas por alguns colegas de Casa de Leis e internautas – nas redes sociais -, aos passinhos de funk ensaiados pela colega, a parlamentar democrata Michelly Alencar.

A vereadora democrata na quinta-feira da semana passada, 15 de abril, sem perceber que estava online, brincou com sua assessoria, dando alguns passos de uma dança conhecida como ‘sarrada’. Ao perceber que estaria em sessão virtual, ela sai de cena correndo. As críticas à dança e a reação da parlamentar podem ter ocorrido, possivelmente, pelo susto da vereadora se descobrir online ou ainda pelo fato de Michelly ser evangélica e pregadora.

Pelas imagens, vê-se claramente que Michelly estaria brincando com outra pessoa na sala. E, após a dança, volta a sentar-se em frente ao computador para continuar participando da sessão, mas nota que a câmera estava ligada e que a dança foi vista pelos colegas de Câmara. Então, ela se levanta rapidamente e sai da frente do computador, apressadamente. Na hora do ocorrido, os demais parlamentares continuaram a sessão, sem sequer comentarem sobre a brincadeira da vereadora. As críticas, entretanto, foram feitas depois.

Maysa não discorda de que a colega de Câmara possa ter sido vítima da ‘própria pauta’, pelo fato de ser pregadora evangélica, contudo, assegura que elas pesaram pelo fato dos homens – colegas de Câmara e nas redes sociais -, demonizarem, ainda hoje, a figura feminina, principalmente, no espaço de poder.

Ao lembrar que o sistema sociohistórico condiciona secularmente as mulheres a uma posição hierarquicamente inferior no campo de força de relações desiguais, entre homens e mulheres, em nossa sociedade. Mostrando que o preconceito estrutural de que a mulher é vítima continua forte, apesar das mudanças e das conquistas femininas.

Assim, sob o ponto de vista da vereadora Maysa Leão, a repercussão foi exagerada, muito mais pelo fato de Michelly ser mulher, do que por qualquer outra coisa, inclusive, pelo fato de ser evangélica. Pontuando ainda que a vereadora democrata é respeitosa e comparece aos compromissos parlamentares no horário.

“Haviam coisas mais importantes, mas o enfoque se deu pela infelicidade dela estar com a câmera aberta durante o ocorrido. Ela é uma pessoa respeitosa, quando tem tribuna presta atenção, participa das discussões e tem seus próprios posicionamentos. Acredito que foi desmedida toda a ‘revolução’ em torno da dancinha da minha colega de parlamento”, garante Leão.

Devido ao fato do vídeo ter viralizado nas redes, com muitos comentários negativos a respeito, Michelly chegou a afirmar por meio de nota, que sentiu na pele o preconceito por ser mulher. Pontuando ainda que ‘se fosse um homem brincando daquela maneira, não teria tanta repercussão’.

“Eu sinto na pele todos os dias o preconceito por ser mulher, parece que temos que trabalhar o triplo para provar nosso valor. E em situações como essa o fardo fica mais pesado”, disse.

Influencer e vereadora

Maysa é conhecida nas redes sociais como influencer digital, mesmo com boa votação acabou na suplência, assumindo na semana passada uma cadeira na Câmara de Vereadores, em substituição ao vereador Diego Guimarães – do mesmo partido – que precisou se licenciar para realizar uma cirurgia ortopédica. A parlamentar deve permanecer no cargo por 30 dias e se juntará a outras duas mulheres na Casa de Leis.

Vale lembrar que esta é a primeira vez, depois de uma longa temporada, que a Câmara de Cuiabá volta a ter mulheres nas discussões legislativas. Até então, nos últimos quatro anos, o parlamento não tinha nenhuma voz feminina.

Além de Maysa, as vereadoras Michelly Alencar (DEM) e Edna Sampaio (PT) – eleitas no ano passado -, têm reforçado a participação feminina na Casa de Leis.

Nota na íntegra de Michelly

“Vocês já devem ter visto por aí um vídeo circulando nas redes sociais em que eu faço uma “dancinha” em frente a câmara, quando estava acontecendo a sessão ordinária. Pois é… deixei a câmera do notebook ligada, fui ao banheiro e na volta brinquei com minha assessora sobre as novidades do Tik Tok. Mas não desrespeitei ninguém. Pelo contrário, exerço meu papel com muita dedicação e profissionalismo.

Nunca faltei a uma sessão sequer, tenho produção legislativa, estou nas ruas fazendo fiscalização e defendendo o direito do cidadão cuiabano. E vejam só, me preparo para as sessões, vou para o gabinete, não faço de qualquer lugar ou de qualquer jeito só porque é de forma online. Tenho me esforçado para manter o ambiente de trabalho leve, pois eu e minha equipe trabalhamos com assuntos pesados, vamos para a linha de frente, entramos em hospitais com pacientes de Covid-19, atendemos denúncias. Somos seres humanos e também temos nossos momentos de descontração. É assim que conseguimos lidar.

E eu pergunto a vocês: se fosse um homem que tivesse feito isso, teria dado essa repercussão? Eu sinto na pele todos os dias o preconceito por ser mulher, parece que temos que trabalhar o triplo para provar nosso valor. E em situações como essa o fardo fica mais pesado. Ademais, contem comigo sempre aqui na Câmara para trabalhar pelo povo cuiabano, com alegria e disposição.”

Fonte: O Bom da Notícia