Médico do HMC afirma que há pressão da classe política para uso do kit-covid

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Cuiabá não deve adotar o kit-covid, um coquetel de antibióticos, vermífugos e coagulantes, incluindo a cloroquina, que tem tido seu uso defendido como forma de tratamento precoce da doença. A indicação é que o kit seja usado nos primeiros sintomas, antes que surja desconforto respiratório.

Membro do Comitê Municipal de Enfrentamento ao novo Coronavírus, o diretor clínico do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), médico nefrologista Eduardo Andraus Filho, afirmou ao PNB Online que descarta completamente a indicação para o uso do kit-covid.

Os fármacos que têm sido utilizados para compor o kit são: Azitromicina/ Nevofloxacin ou Amoxicilina com Clavulanato, Ivermectina, Hidroxicloroquina, ou o Annita, Prednisolona e anticoagulantes. Os medicamentos devem ser utilizados apenas após indicação médica.

“Sou contrário à distribuição do kit-covid, pois nenhuma das drogas que o compõem gozam de comprovação científica de serem eficazes no combate a essa doença. A única coisa que há é a opinião de vários médicos em seu favor e uma grande pressão da população, dos próprios médicos e da classe política”, afirmou ele.

O tratamento precoce tem sido tema de debate com o Governo do Estado, Prefeitura de Cuiabá e Prefeitura de Várzea Grande desde a semana passada. O governador Mauro Mendes (DEM) já determinou a compra dos fármacos para o kit-covid e Várzea Grande anunciou que já adotou o novo protocolo.

Eduardo Andraus Filho é diretor do HMC

“Sempre que são testados em estudos que têm elaboração científica, não chegam a resultados favoráveis. Não morrem menos, não ficam menos tempo no hospital e não é hospitalizado com menos frequência. Podemos atribuir algumas melhoras à ocorrência do mero acaso. Muitos pacientes se curariam mesmo sem a utilização das referidas drogas e elas pouco, ou nada, interferem na evolução da doença, podendo até mesmo serem maléficas pois também contam com efeitos adversos”, completou ele.

O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou nesta segunda-feira (22) que não deve adotar o kit-covid porque os médicos do Comitê de Enfretamento ao Coronavírus não concordam com a possibilidade de oferecer medicamentos a pacientes com suspeita da doença.

“Em Cuiabá temos uma resistência médica muito grande, inclusive os médicos do Comitê de Enfrentamento à covid-19, em sua maioria, não aprovam. Estamos discutindo muito e eu quero salvar vidas, e não complicar a vida da população cuiabana, mas é uma medida que estamos estudando”, disse ele.

Fonte: PNB Online