Ministério não comunicou MT e pesquisadores da covid-19 continuam sendo presos

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Embora a pesquisa do Ministério da Saúde nomeada “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional” venha sendo divulgada nacionalmente, os pesquisadores continuam sendo presos diariamente em Mato Grosso.

O motivo é que nem a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, nem a Polícia Militar do Estado foram avisados sobre a pesquisa e, com a população em pânico e acionando a PM a cada vez que se assustam com os pesquisadores, os policiais seguem os levando para a delegacia com “o objetivo pôr fim ao temor manifestado”, disse a PM em nota.

Em live na manhã desta sexta-feira (22), o secretário de Saúde de Mato Grosso Gilberto Figueiredo afirmou que, apesar de estar curioso para saber qual o resultado desses dados e se efetivamente serão úteis para medidas preventivas, o Estado não foi comunicado oficialmente sobre a pesquisa.

“Nós não fomos comunicados oficialmente. Esse erro de comunicação trouxe essa reverberação no país todo, não só aqui em Mato Grosso, porque parece que tem profissionais que não são habilitados para estar efetivamente fazendo essa coleta junto à população, não estavam bem identificados, não estavam utilizando equipamentos de segurança de proteção individual, por isso trouxe esse desconforto”, disse o secretário.

Mas Figueiredo se pôs à disposição para ajudar, visto que é a favor do trabalho científico.

“Se nós tivéssemos, desde o início, sido comunicados de forma oficial, nós poderíamos estar ajudando mais nesse momento, já que é um trabalho científico e pode ter um resultado, que espero que seja positivo”, afirmou.

Secretário segue afirmando que a SES não foi avisada sobre a pesquisa do Ministério da Saúde (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Mato-grossenses assustados

Segundo entrevista de Renato Neri, coordenador da pesquisa no em Mato Grosso, ao jornal A Gazeta, 55 pesquisadores acabaram detidos no Estado.

A Polícia Militar informou que todas as conduções para delegacias foram feitas a partir de acionamentos dos próprios moradores, afim de esclarecer e solucionar os conflitos gerados pela presença dos pesquisadores fazendo a coleta de sangue e testes para covid-19.

Questionada se pretendia orientar os militares a deixarem que fosse dada continuidade à pesquisa, a Polícia Militar afirmou ainda que a Secretaria de Segurança Pública, assim como a de Saúde, também não recebeu qualquer comunicado da pesquisa.

“E que a única pesquisa informada é a que está sendo feita pelo IBGE via telefone”.

Eficácia

A pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional” é financiada pelo Ministério da Saúde, coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande do Sul, e executada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). 

O objetivo seria avaliar como o coronavírus se propaga pelo país, por meio da testagem de anticorpos na população. Segundo o Ministério da Saúde, com o estudo seria possível identificar com que velocidade a população está adquirindo anticorpos contra a doença 

O secretário Gilberto Figueiredo, no entanto, levantou dúvidas sobre a eficácia do estudo durante a live nesta sexta-feira (22).

“Imagine os senhores o seguinte: Esse inquérito que está sendo feito tem um resultado definido no dia que ele é feito. Então vamos supor que fizéssemos o teste hoje com um grupo de pacientes. Aquele é o recorte daquele dia. Ele vai nos dar o seguinte: já existe um percentual X da população infectada, usando todas as matrizes estatísticas para dizer isso. Dois dias depois, 10 dias depois, esse número poderá ser totalmente diferente. Isso está sendo feito em outros estados, tem pequena resolução”, disse o secretário.

Que completou: “Nós podemos assegurar que nesse momento não temos sequer 3% da população infectada no Estado de Mato Grosso, mas quero crer que exista um propósito com isso. Agora não significa dizer que nós vamos ter que incorporar e divulgar esses dados [da pesquisa que está sendo realizada]”.

Fonte: O Livre